RR MÍDIA 3
Coperlidere
indreta

Mandetta afirma não ter ouvido indireta de Bolsonaro com ameaça de demissão: 'Dormindo'

Ministro da Saúde

06/04/2020 09h43
Por:

Por Itasat

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), se esquivou dos recados dados neste domingo pelo presidente Jair Bolsonaro, que sinalizou que poderia demitir do governo quem está "se achando". Questionado cerca de 1h após as declarações, Mandetta afirmou que ainda não tinha visto a frase. "Eu estou dormindo", disse, parecendo bocejar ao telefone. "Amanhã eu vejo, tá?", completou, antes de encerrar a ligação.

Bolsonaro deu a declaração a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada. "Algumas pessoas no meu governo, algo subiu a cabeça deles. Estão se achando. Eram pessoas normais, mas de repente viraram estrelas. Falam pelos cotovelos. Tem provocações, mas a hora deles não chegou ainda não. Vai chegar a hora deles. A minha caneta funciona. Não tenho medo de usara a caneta, nem pavor. E ela vai ser usada para o bem do Brasil, não é para o meu bem", disse Bolsonaro.

Mandetta e Bolsonaro têm divergido sobre estratégias de isolamento da população contra o novo coronavírus. O ministro defende uma ação mais ampla, para evitar aglomerações e estimular redução de fluxo urbano, com medidas como trabalho em home office e fechamento do comércio em locais com grande número de casos. O presidente é favorável a um "isolamento vertical", em que sejam afastadas pessoas acima de 60 anos ou que apresentem outras doenças.

Bolsonaro escancarou descontentamento com Mandetta na última semana. O presidente disse que falta "humildade" ao ministro e, embora tenha afirmado que não pretende dispensá-lo "no meio da guerra", ressaltou que ninguém é "indemissível" em seu governo. O protagonismo do auxiliar diante da crise envolvendo a pandemia do coronavírus já vinha incomodando o presidente há algum tempo. Questionado pelo jornal O Estado de S. Paulo sobre as declarações de Bolsonaro, feitas nessa quinta-feira (2), Mandetta respondeu: "Trabalho, lavoro, lavoro", repetindo a palavra que significa "trabalho" em italiano.

No dia seguinte às declarações do chefe, Mandetta disse que continuaria no governo, afirmando que um médico não abandona o seu paciente.