Por EM
Os clubes de futebol correm contra o tempo para minimizar os prejuízos econômicos causados pela crise do novo coronavírus. Com as competições paralisadas há quase um mês, a televisão deixou de pagar valores referentes a direitos de transmissão, e os jogadores entraram em férias coletivas. As dificuldades financeiras afetam principalmente as agremiações que trabalham com orçamento enxuto, como é o caso do América. Em entrevista à TV Band, o presidente Marcus Salum externou a sua preocupação com o futuro das equipes e cobrou “mão firme” da Confederação Brasileira de Futebol no enfrentamento ao problema.
“Enquanto não se definir ‘temos X dias’, não sairá o calendário, não sairá uma decisão. Se gente vai poder voltar a treinar e jogar de portões fechados, que acho que será o caminho, vamos seguir em frente. Só vamos saber o tamanho do estrago depois. A televisão já parou de pagar alguns campeonatos regionais, o que afeta os clubes diretamente. Confesso: se a televisão não pagar os campeonatos nacionais, aí sim teremos problema. E a CBF vai ter de atuar com mão firme. Ou ela banca isso, ou teremos problema” disse o dirigente americano.
No orçamento de 2020, o América planejou uma receita bruta de R$ 37 milhões, dos quais R$ 15,1 milhões (40%) correspondiam à soma de “Transmissões (R$ 9,4 milhões)” e “Competições e Jogos (R$ 5,4 milhões)”. A diretoria ainda estipulou R$ 12,2 milhões em “Negociações com Atletas” (33%), o que tende a não acontecer justamente em razão da recessão econômica.
Diante do cenário, Marcus Salum diz que a Confederação Brasileira de Futebol tem “obrigação de ajudar”, pois “vive dos clubes”. O dirigente do América aponta necessidade maior para os times da “Série B para baixo”. Vale lembrar que em 17 de março de 2020, a Assembleia Geral da entidade aprovou as demonstrações financeiras referentes a 2019, que contabilizaram receita de R$ 957 milhões - um aumento de 43,3% em relação a 2018. O ativo total da CBF, conforme o balanço, é de R$ 1,248 bilhão.
“O que eu não quero é a CBF achar que é parceira nossa para tentar ajudar. Não. Ela tem obrigação de ajudar. Ela vive dos clubes. Não adianta ter 900 milhões de caixa e os clubes estarem quebrados. Por enquanto a conversa vai bem. Mas se houver dificuldade lá na frente, ela tem que adotar uma postura de salvaguardar os clubes, senão teremos problema grande no futebol. E não falo dos grandes não. Digo da B para baixo. Esses clubes precisam mais que os clubes grandes”, concluiu Salum.
No dia 8 de abril, a CBF anunciou a liberação de R$ 36 milhões em recursos para clubes, árbitros e federações estaduais enfrentarem a perda de dinheiro causada pela pandemia do novo coronavírus. O repasse mais recente do pacote de socorro teve início no dia 7, com R$ 19 milhões distribuídos a equipes das Séries C e D do Campeonato Brasileiro, além dos times femininos das duas divisões nacionais.