Por Itasat
Fisioterapia, fonoaudiologia e acupuntura. Sessões necessárias para a recuperação de vítimas de intoxicação após consumo de cervejas da Backer contaminadas com dietilenoglicol estão suspensas em meio à pandemia de coronavírus. As medidas de restrição para diminuir o risco de contágio de covid-19 têm imposto desafio ainda maior para aqueles que tentam se recuperar das graves sequelas provocadas pela intoxicação.
Humberto Melo, de 64 anos, ficou 44 dias internado, entre janeiro e fevereiro. Falando com dificuldades, ele relata os desafios impostos pela pandemia de coronavírus. "O problema maior atual é a paralisia que se fez presente em praticamente todo o corpo. Toda essa dificuldade aumentou mais ainda em função do isolamento", diz.
Ele alega que teve de suspender todos os tratamentos com profissionais. "Pode comprometer enormemente o resultado final. Importante salientar que em nenhum momento tive contato ou qualquer ajuda da cervejaria ou de representante deles."
Fazer as sessões de hemodiálise tem sido um desafio para Clóvis Reis, de 69 anos, um dos primeiros a alegar intoxicação por dietilenoglicol. A esposa Valéria Reis diz que a ida ao hospital para hemodiálise é um risco, e também teme pela contaminação pela covid-19. "Qualquer coisa que acontecer é fatal", alega. "Eu também sou de grau de risco, tenho asma de grau 2."
Vanderlei Oliveira, desde quando foi diagnosticado com a substância, faz uma série de tratamentos, custeados do próprio bolso. Alguns ficaram suspensos durante a pandemia de coronavírus. "Eu sou forçado a sair três fezes por semana para fazer hemodiálise. Fora que como consigo fazer, em isolamento, fonoaudiologia e fisioterapia?", desabafa.
O professor Cristiano Gomes, de 47 anos, é outro a relatar dificuldades para conseguir tratamento em meio a pandemia de coronavírus. Ele faz hemodiálise três vezes por semana e a família teme o risco de contaminação. Fisioterapia e fonoaudiologia também ficaram prejudicadas. "Além de todas as sequelas, temos que lidar com o coronavírus e a paralisação da maior parte do tratamento dele. É apavorante", diz a esposa Flávia Sheyer.
Sobre as reclamações das vítimas de que a cervejaria não auxilia no tratamento médico, a Backer, por meio de nota, informou que todo seu patrimônio está bloqueado desde 19 de março com o objetivo de custear o tratamento médico de clientes e familiares.
De acordo com a nota, como os bens estão à disposição da Justiça, a Backer não tem qualquer ingerência sobre o patrimônio neste momento. A empresa também afirma que se solidariza com as famílias e diz que vai empreender todos os esforços para solucionar a questão.