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Coperlidere
presidente do STF

'Não há solução para o país fora da democracia', diz presidente do STF sobre ato de Bolsonaro

Sem autoritarismo

21/04/2020 08h59
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Por Itasat

Um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro participar de uma manifestação que pedia o fechamento do Congresso e uma intervenção militar no país, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta segunda, que o autoritarismo e os fundamentalismo são 'nefastos'. Ao participar de uma videoconferência com representantes de seis entidades, Toffoli afirmou que não há qualquer solução para o país que não seja dentro da democracia.

Toffoli frisou 'quão nefasto é o autoritarismo, o quão nefasto são os fundamentalismos, o quão nefasto é o ataque às instituições e à democracia'. O evento foi organizado em parceria com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Comissão Arns, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a Academia Brasileira de Ciências e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

"Neste momento, é bom sempre relembrar a importância que essas seis instituições tiveram na redemocratização do país, no processo constituinte", discursou Toffoli. "Não é possível admitir qualquer outra solução que não seja dentro da institucionalidade, do estado democrático de Direito, da democracia."

A fala de Toffoli foi feita pouco antes de a Procuradoria-Geral da República (PGR) informar que solicitou a abertura de um inquérito para apurar "fatos em tese delituosos envolvendo a organização de atos contra o regime da democracia participativa brasileira".

"Patifaria"

No último domingo (19), Bolsonaro elevou o tom do confronto com o Congresso e o Supremo e, diante do Quartel- General do Exército, pregou o fim da "patifaria" em uma manifestação que pedia intervenção militar no país. Com microfone em punho, Bolsonaro subiu na caçamba de uma caminhonete e fez um discurso inflamado para seguidores que exibiam faixas com inscrições favoráveis a um novo AI-5, o mais duro ato da ditadura (1964 a 1985), e gritavam palavras de ordem contra o STF e o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ).

"Nós não queremos negociar nada. Queremos é ação pelo Brasil", disse Bolsonaro, aplaudido por centenas de manifestantes. "Chega da velha política! (…) Acabou a época da patifaria. Agora é o povo no poder. Vocês têm a obrigação de lutar pelo país de vocês".

A fala de Bolsonaro provocou uma forte reação dos três poderes. Ministros do Supremo repudiaram o ato que pediu intervenção militar, fechamento do Congresso e deposição de governadores, do qual o presidente Jair Bolsonaro participou neste domingo. Políticos classificaram a atitude do presidente como "incentivo à desobediência" e "escalada antidemocrática".

O ministro Marco Aurélio Mello chamou os manifestantes de "saudosistas inoportunos". "Os ares são democráticos e assim continuarão. Visão totalitária merece a excomunhão maior", afirmou o ministro. "Conheço os militares. Observam a disciplina a hierarquia e não apoiam maluquices. Não sei onde o capitão está com a cabeça", disse Marco Aurélio, em referência à participação de Bolsonaro na manifestação.

O ministro Luís Roberto Barroso disse que é "assustador" ver manifestações pela volta do regime militar, após 30 anos de democracia. Já Gilmar Mendes declarou que invocar o AI-5 é "rasgar o compromisso com a Constituição".