Por Itasat
O site The Intercept Brasil publicou na manhã deste sábado uma reportagem em que afirma que documentos do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) mostram que o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, financiou com dinheiro público e lucrou com a construção de prédios ilegais da milícia. Segundo o site, a investigação preocupa a família Bolsonaro, e os advogados pediram nove vezes a suspensão do procedimento.
O veículo de comunicação afirma que essa investigação “é um dos motivos para que o presidente tenha pressionado o ex-ministro Sergio Moro pela troca do comando da Polícia Federal no Rio, que também investiga o caso, e em Brasília.”
A informação é dada no dia seguinte ao então ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, se demitir acusando Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal (PF) para acessar a informações privilegiadas. "O presidente me disse mais de uma vez, expressamente, que queria ter uma pessoa do contato pessoal dele que ele pudesse ligar, colher informações, colher relatórios de inteligência. Não é o papel da Polícia Federal prestar esse tipo de informação", disse o ex-juiz federal.
Bolsonaro respondeu, em pronunciamento: "[Falei:] Moro, não tenho informação da PF, eu tenho que ter relatório das últimas 24 horas para definir os rumos da nação. Nunca pedi qualquer processo... quase implorando informações. E, assim, eu sempre cobrei informações oficiais do governo, como a Abin, que tem à frente delegado da PF."
Conforme a reportagem do Intercept, promotores e investigadores, sob a condição de anonimato, afirmam que o investimento para as obras foi feito com dinheiro de “rachadinha” (quando um político obriga funcionários do gabinete a devolver parte ou todo o salário) no gabinete de Flávio quando ele era deputado estadual no Rio.
O site destaca que a investigação está sob sigilo, mas que teve acesso à íntegra dela e que investigadores chegaram a essa conclusão após cruzarem informações bancárias de 86 suspeitos. De acordo com o Intercept, investigadores afirmaram que as informações apontariam que o parlamentar lucraria com o investimento, por meio de repasses feitos pelo ex-assessor de Flávio, Fabrício Queiroz, e pelo ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, executado em operação policial na Bahia em fevereiro.
A publicação diz que o esquema funcionaria da seguinte forma: Queiroz ficava com cerca de 40% dos salários dos funcionários do gabinete e repassava parte do valor a Adriano; o ex-policial é apontado como chefe da milícia “Escritório do Crime”, que atua erguendo edifícios nas comunidades de Muzema e Rio das Pedras, no bairro Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, onde houve um aumento no número de construções de prédios irregulares nos últimos anos; o lucro seria dividido com o senador, que teria financiado a obras.