Por Itasat
Dois ex-funcionários da deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) acusam a parlamentar de usar a equipe de gabinete para criar e disseminar notícias falsas e ataques contra adversários políticos. Os principais alvos, segundo a dupla, seriam desafetos criados após a ruptura da ex-líder do governo com o presidente Jair Bolsonaro e incluiriam as colegas de parlamento, Bia Kicis (PSL-DF) e Carla Zambelli (PSL-SP), além dos filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Em entrevista à CNN Brasil, sem revelar sua identidade, os dois afirmaram que funcionários eram cobrados a fazer 'montagens de vídeos', 'criar narrativas' e 'alimentar perfis falsos' nas redes sociais, supostamente monitorados pela própria parlamentar.
A reportagem mostrou ainda trocas de mensagens atribuídas à deputada, nas quais ela pede que uma assessora 'coloque todos os perfis para trabalhar no Twitter fazendo comentários positivos' sobre a pré-candidatura dela à prefeitura de São Paulo. Na conversa ela ainda teria repreendido a funcionária por ter criado 'apenas' um perfil falso, e emenda: 'falei para você fazer vários'.
A assessora relata dificuldade em criar os perfis devido à exigência de vinculação das contas a números de telefone. Em conversa com outro funcionário, sugere o uso de CPFs falsos para cadastrar os chips de celular e criar contas ilícitas nas redes sociais.
Em outros áudios, Joice Hasselmann pede que a assessora crie uma hashtag contra Bia Kicis e um vídeo afirmando que Carla Zambelli confirmaria ataques do governo contra o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.
Zambelli afirma que a fala usada no vídeo foi 'tirada de contexto'. Segundo ela, o trecho foi cortado de um áudio enviado ao porta-voz do movimento Nas Ruas, Tomé Abduch, e se referia à votação do Plano Mansuetto, no dia 2 de maio no Senado. Aliados do presidente, os deputados Bia Kicis e Carlos Jordy (PSL-RJ) já articulam para levar o caso à Comissão de Ética da Câmara.
Nas redes sociais, a deputada classificou a reportagem como 'irresponsável', 'patética e mentirosa'. Ela disse ainda que os áudios foram 'forjados' e que demitiu dois assessores 'infiltrados' por governistas para roubar dados. "Os dois funcionários começaram a apresentar padrão de vida não condizente com o que ganhavam no meu gabinete e aquilo me chamou a atenção. Cheiro de corrupção. Cheguei a levar dados à época à PF e ao Ministério da Justiça para sobre minhas suspeitas", escreveu no Twitter. "Enquanto as suspeitas são investigadas tomei a decisão de demitir, porque peguei os assessores usando computadores do gabinete para espionar e fraudar informações", acrescentou.