A Polícia Civil prendeu uma esteticista e a proprietária de um salão de beleza em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. As duas são suspeitas de aplicar silicone industrial - produto usado em manutenção de avião e navio - em procedimentos de aumento de glúteos. Elas se autodenominavam "Filhas do Bumbum".
A esteticista Amanda Juliana Fernandes França, de 41 anos, e a dona do salão, Dayse Viviane Martins Lopes, de 34 anos, foram presas no último dia 6. Amanda foi pega em flagrante fazendo um procedimento.
O delegado Rodrigo Bustamante informou nesta sexta-feira (20) que várias vítimas procuraram a Polícia Civil com lesões na pele causadas, em tese, pelo uso do hidrogel, substância que também é proibida desde 2014 para uso estético. As duas suspeitas diziam para as vítimas que os procedimentos eram feitos com o hidrogel, mas, na verdade, era usado o silicone industrial.
"O silicone industrial é um produto usado para vedar vidros e limpar peças de aviões e navios, o que pode até causar embolia pulmonar", explicou Bustamante.
Ele contou ainda que Amanda, a cada 20 dias, saía do Rio de Janeiro para fazer as aplicações.
Os agendamentos, de acordo com a polícia, eram feitos por meio de um grupo em uma rede social, chamado "Filhas do Bumbum".
O delegado disse que a esteticista pode responder por exercício ilegal da profissão, estelionato e manuseio de produtos sem autorização. Se condenada, ela pode pegar de 10 a 15 anos de cadeia.
O delegado Luciano Guimarães, chefe da Delegacia Regional de Contagem, explicou que dez vítimas procuraram a polícia com diversas deformidades no corpo e com processo inflamatório.
Ele contou que os procedimentos eram feitos dentro do salão de beleza, sobre uma maca, em um local inadequado e sem assepsia.
“Se houvesse alguma intercorrência não haveria nem como socorre”, disse.
Guimarães explicou que as clientes eram colocadas de bruços e que a esteticista fazia uma espécie de torniquete nas coxas, aplicava a anestesia, furava as nádegas e depois introduzia o silicone industrial. A abertura era “fechada” com cola de secagem rápida. Além de anestesia local, Amanda “prescrevia” antibióticos.
Como o organismo pode rejeitar o produto, as clientes ficavam com “buracos” nas nádegas. Pela primeira aplicação elas pagavam R$ 4 mil e pelo retoque, R$ 1 mil.
O delegado falou que as vítimas estão desesperadas porque contraíram infecção e, para retirar o silicone industrial do organismo, teria que pagar R$ 28 mil a um cirurgião plástico.
Guimarães contou ainda que a suspeita trabalha na área há aproximadamente três anos e que desde fevereiro/março deste ano começou a “atender” em Minas Gerais. Dayse Viviane captava as clientes e ganhava 10% do total do tratamento.
A polícia informou também que há de 60 a 100 vítimas nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Há uma brasileira que mora em Portugal que foi até o Rio para fazer o procedimento.
A corporação investiga ainda quem fornecia os rótulos falsos dos produtos.