Por Itasat
Os seguranças Carlos Felipe Soares e William da Cruz Leal foram condenados a 16 anos de prisão em regime fechado por participação na morte do fisiculturista Allan Pontelo Guimarães, de 25 anos. O julgamento terminou na madrugada desta quarta-feira, no 3º Tribunal do Júri do Fórum Lafayette, em Belo Horizonte. Como a decisão é de primeira instância, cabe recurso.
Outro acusado de participação no crime, Paulo Henrique Pardim de Oliveira ainda será julgado. Carlos e William trabalhavam na boate Hangar, no bairro Olhos D’Água, região Oeste de BH, onde a vítima morreu, em setembro de 2017. Carlos foi julgado à revelia e está foragido.
O julgamento começou na manhã de segunda-feira (24), foi reiniciado no dia seguinte e terminou na madrugada desta quarta-feira. A juíza Fabiana Cardoso Gomes Ferreira presidiu o júri popular.
O conselho de sentença entendeu que os dois seguranças foram responsáveis pela morte ao conduzir a vítima para uma área restrita da casa noturna para uma “revista” à procura de drogas.
Segundo denúncia do Ministério Público, ao se recusar a passar pelo procedimento, Allan foi espancado violentamente, com socos e chutes, imobilizado e estrangulado até a morte. O laudo de necropsia apontou como causa da morte “asfixia mecânica por constrição extrínseca do pescoço”, além de diversas lesões no corpo.
O processo foi desmembrado em relação ao réu Paulo Henrique Pardim, que estava também previsto de ser julgado no mesmo júri popular. O advogado dele apresentou problemas de saúde e o julgamento foi reagendado para 29 de setembro. O réu Fabiano de Araújo Leite também teve o processo desmembrado, após recurso em setembro do ano passado, e não tem data prevista para julgamento.
Interrogatório
No primeiro dia de julgamento foram ouvidas 14 testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa. O promotor Cristian Lúcio da Silva representou o Ministério Público. Atuou também o advogado Geraldo Magela de Lima, como assistente da acusação. Ambos os réus foram defendidos pelo advogado Ércio Quaresma.
No interrogatório realizado na terça os dois réus deram versões semelhantes, ressaltando que apenas davam suporte aos seguranças, policiais militares a serviço da boate, e que coibiam o uso e venda de entorpecentes na casa noturna. Disseram que abordaram o fisiculturista no banheiro e o deixaram à disposição dos seguranças. Falaram também que imobilizaram a vítima, após o réu Paulo Henrique Pardim dar voz de prisão a ele por causa das drogas escondidas pelo corpo. A versão, no entanto, não foi aceita pelos jurados.