Por Itasat
Quando uma vacina segura e eficaz contra a covid-19 estiver disponível à população, é provável que apenas adultos sejam imunizados primeiro. As crianças, grupo de menor risco para o novo coronavírus, entraram há pouco tempo em testes clínicos pontuais, então até que se confirme a devida segurança para elas, vai levar meses, talvez anos. A prioridade é definida pelos dados epidemiológicos e que os pequenos não devem ser vacinados nem em 2021.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a condução de testes clínicos de quatro candidatas ao imunizante. A que engloba participantes mais jovens é a produzida pela Pfizer junto com a BioNTech, que vai avaliar o produto em pessoas a partir dos 16 anos. Já a vacina elaborada pela Universidade de Oxford e a AstraZeneca, considerada uma das mais promissoras, incluiu idosos e crianças de 5 a 12 anos nos testes de fase 2 em maio deste ano apenas no Reino Unido. Aqui, a farmacêutica informou que “a prioridade atual é reunir evidências sobre o potencial da vacina para proteger as populações mais vulneráveis a resultados graves”.
No caso da vacina produzida pela Johnson&Johnson, também no Brasil, o estudo clínico de fase 3, cujo início foi anunciado nesta quarta-feira, 23, vai avaliar a segurança e eficácia do produto em cerca de 60 mil adultos com idades acima de 18 anos. Ainda não há informações sobre a inclusão de crianças nos testes.
Pensar em uma vacina para esse público exige certo cuidado, porque crianças não são simplesmente adultos em miniatura. Elas podem ter resposta imunológica diferente dos mais velhos e precisar de doses diferentes também. Especialistas afirmam que, no caso do imunizante contra a covid-19, os dados epidemiológicos e os primeiros achados sobre os impactos da doença nortearam as pesquisas. Desse modo, o foco está nos grupos com mais risco de complicações pela infecção, situação que não contempla as crianças.
Isso não quer dizer, porém, que os estudos com crianças não devam ser realizados. "É importante ter braços de pesquisa que apliquem nas crianças. Esta é uma doença nova. Com o retorno às aulas e da mobilidade, podemos ver o que não vimos com as crianças fora da escola”, explica Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Para Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a imunização das crianças pode demorar. “As crianças não serão prioridade porque não adoecem com mais gravidade do que outros grupos e não transmitem com mais frequência. Em um plano de imunização, seriam vacinados os idosos, profissionais de saúde, doentes crônicos e as crianças estariam no último lugar da fila como estratégia em geral de programas públicos de imunização. É um erro esperar a vacina para voltar às aulas e para brincar, porque elas não serão vacinadas tão cedo. Acredito que nem em 2021 a gente vai vacinar as crianças."