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Atlético: relatório da Kroll aponta irregularidades em contratos com atletas e pontos de atenção no vínculo para uso do Independência

A Itatiaia teve acesso ao documento e desmembrou alguns dos principais pontos

22/01/2021 09h43
Por:

Por Itasat

Contratos do Atlético com jogadores como Ronaldinho Gaúcho, André, Diego Tardelli e Fred estão entre as análises feitas pela consultoria Kroll — contratada pelo clube —, que encontrou irregularidades. A Itatiaia teve acesso ao documento e desmembrou alguns dos principais tópicos. 

Segundo a empresa, especializada em investigação corporativa, para a análise foram levados em conta dados da base de fornecedores do Atlético, razões contábeis de 2009 a 2017, cadastro de fornecedores e funcionários, folhas de pagamento, balancetes de 2009 a 2017 e bases de pagamento de 2011 a 2017.

O trabalho constatou “irregularidades nas negociações e nos pagamentos de salários, luvas, comissões de intermediários; conflitos de interesse nos processos de concorrência e relacionamento com agências e jogadores; irregularidades em contratos de patrocínio; e irregularidades na negociação referente à utilização e operação de jogos na Arena Independência”, registrou a Kroll. 

A consultoria também diz ter identificado situações envolvendo funcionários, dirigente e conselheiros que podem ser entendidas como “conflito de interesse e que podem configurar violações ao Código de Ética do Clube”.

A reportagem procurou o Atlético. Por meio da assessoria, o clube disse que o relatório é “sigiloso” e que foi entregue ao presidente do Conselho Deliberativo para que fosse enviado ao Conselho Fiscal. “Portanto, o clube não vai comentar sobre isso enquanto não houver a apreciação do que consta no relatório.”

Contrato com atletas

Os vínculos de 11 jogadores foram avaliados pela consultoria: Guilherme, Diego Tardelli, Ronaldinho Gaúcho, André, Luan, Bernard, Fred, Gilberto Silva, Corrêa, Rentería e Júnior César. De acordo com a Kroll, os nomes foram escolhidos com base nos maiores salários pagos pelo clube entre 2009 e 2014. Fred está na lista por ser um dos jogadores com vencimentos mais elevados da história do clube, informou a consultoria. 

Ao fim da matéria estão listadas irregularidades encontradas em cada um dos contratos com os jogadores. A seguir são ressaltados pontos de destaque.

De acordo com a Kroll, foi identificado que cinco (Guilherme, Diego Tardelli, Ronaldinho Gaúcho, André e Luan) dos 11 atletas analisados recebiam bônus e gratificações por intermédio de empresas ligadas aos jogadores, o que, segundo a Kroll, não é previsto pela Lei Pelé. A legislação regulamenta que os repasses devem ser feitos aos próprios atletas.

O documento também aponta para pagamento de comissões acima do que a Kroll alega ser permitido pela Fifa, que é de 3% da renda básica bruta do jogador por toda a duração do contrato. Apenas para ter André, em 2011, o Atlético pagou R$ 1,4 milhão de comissão, o que significa 64% sobre o valor do contrato. Na contratação de Ronaldinho, em 2012, foi pago R$ 1,3 milhão, 36% sobre o valor do vínculo.

Direitos de imagem de Tardelli

Segundo a Kroll, o contrato firmado entre Atlético e Diego Tardelli na primeira passagem do jogador pelo clube previa o pagamento de R$ 1.336.230 por direitos de imagem, referentes ao período entre abril de 2008 e março de 2011. “No entanto, registros contábeis do Atlético informaram que o clube pagou o valor bruto de R$ 2.392.896, o que significa R$ 1.055.896 superior ao previsto”, destaca.

De acordo com a Kroll, na segunda passagem de Tardelli pelo Galo, iniciada em fevereiro de 2013, foi firmado contrato de imagem com vigência até 31 de dezembro de 2016 no valor de R$ 15.211.232. 

Pagamentos durante períodos de empréstimo de André 

Conforme o relatório, André teria recebido valores do Atlético enquanto estava emprestado a outros clubes. “Em agosto de 2012, aditivo ao contrato de imagem do jogador André suspendia a vigência do vínculo até 31 de dezembro de 2013, durante o período em que o atleta estava emprestado ao Santos. No entanto, registros contábeis do Atlético demonstram que o clube registrou notas fiscais emitidas pela empresa de André em agosto e setembro de 2012 no montante de R$ 177.500. Os registros não detalham o motivo dos pagamentos”. 

Em 2015, o Atlético emprestou o jogador ao Sport. “Este contrato previa que o Atlético estava isento de pagar pelos direitos de imagem do atleta pelo tempo que durasse o empréstimo. No entanto, em junho de 2015, um terceiro aditivo ao contrato com a empresa de André previa o pagamento de R$ 1.360.000 entre junho e julho de 2015”. 

Remuneração desproporcional de Ronaldinho

A Kroll aponta para remuneração desproporcional no contrato firmado entre Atlético e a empresa responsável por Ronaldinho Gaúcho. O contrato previa remuneração fixa bruta de R$ 150 mil pelos direitos de imagem do “Bruxo”, além de parcela única anual no mês de dezembro de cada ano no valor de R$ 300 mil, pelo período de 2012 a julho de 2014. A empresa também recebia bônus pela performance do atleta, 50% sobre a venda de todas as camisas comercializadas com o nome do jogador e 50% sobre todo patrocínio firmado com o clube. O contrato de intermediação previa ainda a comissão de 10% sobre todos os valores recebidos por Ronaldinho Gaúcho, que incluíam salário do jogador e toda a quantia pactuada no contrato de imagem. 

Contrato para uso do Independência

A relação do Atlético com o Grupo BWA, que administra a Arena Independência, foi analisada pela Kroll. Segundo a consultoria, entre 2009 e 2017 foram encontrados vínculos vigentes para “instalação de equipamentos e operacionalização de serviços de compra e venda antecipadas de ingressos, com as empresas BWA e Ingresso Fácil, sociedade em Conta de Participação com o Consórcio Arena Independência”.

A consultoria diz ter identificado os seguintes "pontos de atenção": “Compra e venda de Ingressos, Gestão da Arena Independência e Gestão Galo na Veia”.

Segundo a consultoria, houve “aumentos injustificados da remuneração da Ingresso Fácil”. No contrato assinado em janeiro de 2011 ficou estabelecido que as empresas receberiam R$ 1,36 por ingresso vendido e R$ 0,72 por ingresso não comercializável em bilheteria, independentemente do valor dos bilhetes. 

“Novo contrato, datado de janeiro de 2013, mantinha inalterados o objeto do acordo e as funções da BWA/Ingresso Fácil. No entanto, a remuneração devida às empresas foi alterada para o equivalente a 8% da receita total bruta obtida na comercialização dos ingressos de todos os eventos desportivos em que a equipe profissional do Atlético atuasse como mandante”.

Em fevereiro de 2015, aditivo ao contrato alterava a remuneração para 9%. “Em ambas as ocasiões, a análise de documentos disponíveis não identificou elementos que justificassem o aumento dos repasses à Ingresso Fácil”, diz a Kroll. 

Em contato com a reportagem, Bruno Balsimelli, responsável pela BWA e Ingresso Fácil justificou e explicou o sistema de vendas offline, modelo contemplado no acordo firmado em 2011. Segundo ele, o Atlético era quem pagava e era responsável pelas vendas dos ingressos. Com isso, o clube fazia a operação de bilheteiro, pontos de venda e custeava os passivos trabalhistas dos funcionários, e recebia os ingressos de uma carga física para poder contemplar as vendas.

Conforme Bruno, já em 2013, o clube desejou contar com o sistema "vendas de ingressos online", modelo em que as questões citadas envolvendo as vendas passaram a ser de responsabilidade da Ingresso Fácil. Segundo o empresário, o modelo ficou, inclusive, mais "barato para o clube, porque todos os custos de bilheteria, pontos de venda, recolhimento dos valores com carro-forte e seguranças ficaram a cargo empresa". Já o aditivo em 2015 se deve, segundo Bruno, ao desejo do Atlético ampliar a abertura das bilheterias, que, antes, iniciavam as operações 72 horas antes de cada partida, conforme regulamenta o estatuto do torcedor. Com isso, as bilheterias passaram a ser abertas todos os dias, "o que acarretou em custo aumento de quatro móvel para atender à necessidade do clube", cita Bruno.

Outro ponto destacado pela consultoria é a assinatura do Atlético em contrato de sociedade em conta de participação com o Consórcio Arena Independência com objetivo de operação e manutenção conjunta do estádio. Contudo, ressalta a Kroll, termo assinado entre América e Estado em 2011 vedava a concessão para qualquer clube de futebol ou pessoa jurídica que tivesse relação com qualquer pessoa física que ocupasse cargo de dirigente ou membro do conselho deliberativo de clube.

“Uma minuta não assinada,, datada de 30 de novembro de 2011, afirmava que o Atlético teria ainda prioridade na marcação de jogos de suas equipes na arena e prorrogava de indicar o profissional que faria a gestão executiva da atividade da administração do estádio”, diz o relatório.

Bruno, da BWA, contesta a informação de que havia um profissional que faria a gestão executiva da administração do estádio. De acordo com ele, o contrato com o Atlético também não violava o que foi estabelecido entre América e Estado, já que não era "concessão", mas, sim, um acordo com uma sociedade com fins lucrativos para jogar no estádio com vantagens. 

Segundo a Kroll, entre junho de 2012 e dezembro de 2017, o Atlético pagou à BWA e à Ingresso Fácil R$ 2.513.819,25. Deste total, R$ 1.516.636 foram gastos com despesas de ingressos de jogos. Bruno destaca que os valores resultam em custo médio de R$ 13 mil por partida. Valor considerado baixo.

Irregularidades apontadas pela Kroll por contrato de jogador analisado

Guilherme: pagamento de comissão superior ao previsto, inconformidades no contrato de imagem, pagamento por rescisão não prevista em contrato, pagamento por imagem desproporcionais à remuneração total do atleta.

Tardelli: irregularidades no contrato de imagem, pagamentos acima do valor do contrato, pagamentos de rescisão não previstos.

Ronaldinho: comissão por intermediação superior à proporção permitida, valores pagos acima do previsto em contrato, inconformidades no contrato.

André: pagamento por intermediação na compra do jogador, pagamento de comissão superior ao permitido, inconformidades no contrato de imagem, pagamentos não previstos em contrato.

Bernard: valores pagos não previstos em contrato, intermediação não prevista em contrato de trabalho, inconformidade nos pagamentos de comissão pela transferência ao Shakhtar. 

Fred: pagamentos a terceiros pela cessão do atleta do Fluminense ao Atlético, irregularidades referentes à intermediação.

Luan: comissão por intermediação não prevista em contrato, pagamentos sem suporte contratual.

Gilberto Silva: pagamento maior referente a direitos de imagem.

Corrêa: mecanismo de solidariedade pago a empresa.

Rentería: irregularidades no contrato de imagem.

Júnior César: comissão por intermediação acima da proporção permitida.