Por Itasat
Apesar de o Brasil estar passando pelo pior momento da pandemia de covid-19, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) afirma que não há motivo especial para aumentar a preocupação em relação às crianças e que elas continuam não fazendo parte do grupo prioritário para vacinação.
A declaração é de Renato Kfouri, presidente do departamento de imunizações da SBP. Ele, inclusive, fez um estudo com colegas da entidade mostrando que neste ano as taxas de hospitalizações e mortes de crianças, adolescentes e jovens, entre zero e 19 anos, caíram em relação ao ano passado.
"Todas as faixas etárias estão sendo mais acometidas neste pior momento da pandemia. Aumentaram os casos em crianças, adolescentes, adultos. Porém, a proporção continua se mantendo menor entre as crianças. São raros os casos graves, hospitalizações e mortes em crianças e em adolescentes. Felizmente, as crianças continuam, ainda, embora em número absoluto tenha aumentado o número de casos, sendo percentualmente as menos acometidas", explicou.
"Os cuidados devem ser os mesmos. Nada diferente a ser feito a não ser reforçar essas medidas de higienização das mãos, máscara, distanciamento... Tão importantes, tão fundamentais", completou.
Por outro lado, o médico destaca uma preocupação sobre a estrutura para atendimento às crianças em hospitais, nos casos em que a contaminação pela covid-19 for somada a outras doenças respiratórias.
"Estamos vivendo o momento de saturação do sistema de saúde como um todo. Na pediatria, temos mais um agravante, que é o início da sazonalidade de outros vírus respiratórios. Voltamos a ver a circulação da bronquiolite, causada pelo vírus sincicial respiratório, que aumenta nessa época do ano. Então, hoje nós temos muitas crianças sendo hospitalizadas, aumentou muito a detecção e a demanda de hospitalização de casos de bronquiolite viral, o que, associado aos casos de convid-19, também traz preocupação em relação a esses leitos".
Já sobre a vacinação em crianças, Renato Kfouri diz que, no momento, o foco deve ser em estudos sobre aquelas que possuem outras doenças.
"Os estudos com as vacinas covid-19 na pediatria estão sendo iniciados agora, não são os grupos prioritários. Então, elas devem ser as últimas a serem incluídas num programa de vacinação. Não vamos vacinar nenhuma criança antes de vacinarmos o último adulto do grupo de risco, idosos, profissionais da saúde, trabalhadores dos serviços essenciais", afirmou.
"Mas, vale a pena lembrar que algumas crianças têm problemas de saúde, doenças crônicas, cardíacas, diabetes, que também têm risco aumentado. Então, os estudos em criança têm dois objetivos principais. O primeiro é também contemplar na proteção essas crianças de risco. Em segundo, quando pensarmos não só em reduzir a doença em formas graves, mas reduzir a transmissão, precisaremos também incluir as crianças no programa. Certamente será numa segunda etapa", finalizou.