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RR MÍDIA 3
Inquérito

Lorenza de Pinho relatou, em diário, depressão e relacionamento tóxico com promotor

Em um diário, a mulher apresenta relatos sobre a depressão e até mesmo tentativas de suicídio

17/05/2021 11h02
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Por Itasat

O inquérito produzido pelo Ministério Público (MP) e a Polícia Civil (PC) para investigar o caso Lorenza de Pinho demonstra relacionamento muito conturbado entre a mulher, morta em 2 de abril, e o marido, o promotor André de Pinho, preso acusado de ter matado a companheira.

Em um diário, a mulher apresenta relatos sobre a depressão e até mesmo tentativas de suicídio. Ela afirma, em trecho obtido pela reportagem, que uma vez se trancou com a arma do marido dentro banheiro com o chuveiro ligado e pensou em tirar a própria vida.

A Itatiaia teve acesso ao depoimento do promotor André de Pinho, que falou sobre as tentativas de suicídio.

“Ela tentou pular da janela do banheiro do prédio. Tomou vários medicamentos. Começou a cortar a rede de proteção. Outra vez ela se trancou no banheiro com minha arma. Uma vez ela praticamente parou de comer e chegou a pesar 48kg”, diz.

Lorenza relata no diário muita solidão e um relacionamento conturbado. Em um trecho ela diz: “Sinto-me sozinha. Você [marido] está fechado, não abre um sorriso, não me abraça ou me beija. Há cinco meses não transamos, não escuto palavras doces ou de conforto. Você está corrigindo meu jeito de falar a todo momento. Você critica até o que falo. Acabou, né?”.

No depoimento, André afirma que os dois possuíam bom relacionamento e que a mulher ficou deprimida após a morte da mãe em 2011.

Os diários de Lorenza também apontam uma suposta briga religiosa entre a mulher e André. Os dois se apresentavam como evangélicos para a sociedade, mas os diários de Lorenza apontam que houve uma ruptura entre os dois. Ela fala em um trecho: “Pedi a Jesus Cristo em oração o bloqueio do meu corpo para receber qualquer entidade. Eu não quero e não vou mais ceder meu corpo físico para isso”.

Em depoimento à força-tarefa, André afirmou que os dois eram cristãos. “Acreditamos em Jesus Cristo. Em 2011, na época que a mãe dela adoeceu, passamos a frequentar a Igreja Batista da Lagoinha.”

A força-tarefa encontrou no celular de André de Pinho alguns elementos ligados a religiões de matriz africana, como o contato de um pai de santo que tem um centro na região de Venda Nova e também anotações no calendário com termos relacionados às fases da lua. Interrogado sobre isso no depoimento, André de Pinho disse que isso seria uma pesquisa para um livro sobre a tragédia de Brumadinho

“Eu estava escrevendo um livro sobre a tragédia de Brumadinho e envolvia um enredo que trazia desdobramentos espirituais”, alegou.

André de Pinho segue preso por tempo indeterminado em uma sala do Corpo de Bombeiros na Região da Pampulha.