Por Itasat
A CBF enviou nessa segunda-feira (13), a sua defesa para o julgamento da suspensão de Brasil x Argentina, válido pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo do Catar. O documento foi encaminhado para a Fifa no último dia do prazo. O Comitê Disciplinar da entidade máxima do futebol mundial abriu procedimento na semana passada para apurar o caso.
A informação foi divulgada inicialmente pelo UOL e confirmada pelo Estadão. A CBF teve seis dias para apresentar sua defesa a partir da abertura do procedimento disciplinar pela Fifa. O prazo se encerraria no domingo, mas, por ser fim de semana, foi prolongado e a Fifa aceitou o documento nesta segunda.
A CBF, por meio de seu departamento jurídico, elaborou uma série de documentos para provar que não foi a culpada pela suspensão da partida na Neo Química Arena, em São Paulo. Foram apenas cinco minutos jogados até agentes da Agência Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Polícia Federal entrarem em campo para interromper o jogo, posteriormente suspenso.
No documento enviado à Fifa, a CBF usou registro de reuniões que antecederam a partida e os relatórios do árbitro do duelo, o venezuelano Jesús Valenzuela, e delegado da partida, o colombiano Juan Hernández. A entidade tenta mostrar que fez a sua parte como mandante, como alertar os argentinos sobre as regras sanitárias vigentes no País.
A CBF já havia emitido duas notas oficiais sobre o episódio, uma delas, mais contundente, no dia seguinte à partida. Nela, a entidade afirmou ter enviado três avisos aos argentinos sobre as regras sanitárias nos dias 5 de julho, 11 de agosto e 2 de setembro. Ao mesmo tempo, a CBF confirmou que estava presente na reunião que a Anvisa teve com representantes argentinos e da Conmebol, na véspera do jogo.
No encontro, a agência apontou o descumprimento das regras por parte dos argentinos e determinou a quarentena dos jogadores Emiliano Martinez, Emiliano Buendia, Giovani Lo Celso e Cristian Romero. O quarteto entrou de forma irregular no Brasil porque não teriam informado que estiveram no Reino Unido nos 14 dias anteriores. De acordo com a portaria interministerial nº 655, de 23 de junho de 2021, viajantes estrangeiros que tenham passagem, nos últimos 14 dias, por Reino Unido, África do Sul, Irlanda do Norte e Índia estão obrigados a cumprir quarentena para evitar a disseminação de novas variantes do coronavírus no Brasil.
De acordo com a confederação brasileira, os argentinos descumpriram as orientações da Anvisa durante o próprio encontro, em que as autoridades brasileiras explicavam que os quatro jogadores deveriam estar em quarentena, após entrarem de forma irregular no País. O quarteto, segundo a Anvisa, também prestou informações falsas no formulário de declaração de saúde do viajante.
A entidade insiste que a seleção brasileira não deixou o gramado do estádio corintiano após intervenção da Anvisa, demonstrando que poderia seguir com o jogo, enquanto os argentinos não voltaram mais do vestiário.
Os argentinos, por sua vez, alegam que a culpa pela suspensão da partida é das autoridades brasileiras, o que, na sua avaliação, deve gerar punição à seleção brasileira com a perda de três pontos na tabela das Eliminatórias. A argumentação deve se centrar na interferência externa, o que geralmente causa a punição do time da casa.
A Fifa enquadra a situação no artigo 14 do seu Código Disciplinar, que trata de jogos abandonados ou que não foram concluídos. O item prevê como punição mínima uma multa de 10 mil francos suíços, equivalente a R$ 56 mil. E pode definir que a partida será retomada ou dada como derrota para um dos lados.
Depois de instaurar os procedimentos para investigar o episódio, a Fifa disse que a "as duas seleções foram solicitadas a fornecer mais informações sobre os fatos que levaram à suspensão da partida, que serão coletadas e, em seguida, analisadas exaustivamente pelo Comitê Disciplinar".