Por Itasat
A Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp-MG) abriu um procedimento para investigar as denúncias feitas pelo Sindicato dos Policiais Penais (Sindppen) sobre supostos maus-tratos e abusos no Curso de Operações Prisionais Especiais (Copesp).
O curso está em andamento e é voltado para a formação de policiais penais aptos a trabalharem no Comando de Operações Especiais (Cope), grupo de elite da Polícia Penal, especializado em ocorrências complexas, como rebeliões, motins e transferências de presos de alta periculosidade.
O sindicato divulgou imagens que seriam de alunos do curso. Nas fotos, é possível ver hematomas em partes do corpo, como nádegas e coxas, além de machucados nos dedos.
A Unidade de Treinamentos da Sejusp reconheceu que os machucados nos dedos podem ser de alunos, devido a flexões de punho, mas negou veementemente que os demais hematomas foram causados por atividades do curso.
O Sindppen alega, ainda, que os alunos do curso foram expostos ao risco de infecção por covid-19. Diretor de comunicação do sindicato, Alexandre Magno conversou com o repórter Felipe Quintela, da Rádio Itatiaia, e detalhou as denúncias.
"Temos relatos de colegas que sofreram abusos de instrutores, com cordas. Foram humilhados com termos pejorativos. Fugiu um pouco das diretrizes do que seria um curso de operações especiais", afirma. Ele cita que os alunos ficaram expostos às chuvas do início do mês.
"Os colegas permaneceram durante toda semana molhados, com fardamentos e mochilas molhados", prossegue. Magno também relata falta de testagem para covid-19. "Ninguém foi testado. Nem os participantes, nem os instrutores. Relatos apontam que alguns saíram por estarem gripados e muitos testaram positivo para covid-19", completou.
Resposta
Chefe da Unidade de Treinamentos da Sejusp, Marco Matos afirma que todas as denúncias serão apuradas. No entanto, ele nega tortura e agressões no Copesp. "Nenhum tipo de excesso será tolerado. Não houve nenhum tipo de excesso, mas mesmo assim já foi aberta uma investigação interna para apurar as denúncias, verificar algum tipo de excesso e se essas fotos são verdadeiras."
Sobre as fotos de machucados nos dedos, ele explica: "Os alunos deste tipo de curso são submetidos a flexões, mas deixo bem claro que eles estão lá porque querem. Eles são voluntários e a qualquer momento podem se negar a fazer algum tipo de exercício, pedem desligamento e não são obrigados a fazer nada".
Em relação à denúncia de falta de testagem para covid-19, Marco afirma que uma primeira bateria de testes foi feita e nenhum aluno ou instrutor testou positivo. Cinco dias depois, em uma nova bateria, houve resultados positivos.
"Por conta disso, colocamos todos em quarentena e suspendemos o curso por sete dias. Quando eles retornaram e apresentaram resultados negativos para covid-19, retomamos o curso", completou.