Gráfica
Patente
Pontual
Rodas
Forte vidros
Breno
Chama!!!
Ramses
Optima seguros
Ótima
Sicoob
Loc moral 3
Ótica santa luzia
RR MÍDIA 3
Quality
RR 2023 02
Giro Luvas
Loc moral
show

Marisa Monte alfineta Bolsonaro e canta sucessos na estreia da turnê 'Portas'

Cantora e compositora agitou o público que compareceu ao anfiteatro do Mineirão com músicas como 'Ainda Bem', 'Bem Que Se Quis' e 'Ainda Lembro'

18/04/2022 11h15
Por: Redação

Por Itasat

Ao ouvir o grito de “Fora, Bolsonaro!” vindo da plateia, Marisa Monte foi rápida e rasteira: “Por mim, não precisava nem ter entrado”, debochou, para, em seguida, defender a importância da democracia e da possibilidade de expressar livremente as suas posições, numa clara referência aos impulsos golpistas do atual presidente. 

Parte do público presente ao anfiteatro do Mineirão, no último sábado (16), reagiu com palavras de apoio ao ex-presidente Lula, principal adversário de Bolsonaro na disputa pela presidência. 

Na sequência, Marisa discursou sobre a importância de se votar com mais consciência em 2022, de olho no Legislativo, e criticou o Congresso Nacional. “Precisamos melhorar a qualidade dos nossos representantes”, disse. Então brincou com Pretinho da Serrinha, com quem compôs “Elegante Amanhecer”, uma homenagem à Portela. 

“Entre nós não existe polarização”, gracejou. Esse foi apenas um dos momentos da estreia da turnê “Portas”, em Belo Horizonte, que agitou os empolgados fãs, dispostos a aplaudir sob qualquer circunstância. 

Repertório. Marisa entremeou as canções do mais recente álbum, lançado em 2021, com hits eternos de sua carreira, baladas que são a síntese do pop brasileiro que não se dobrou aos maneirismos norte-americanos, em parcerias com Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Nando Reis, como “Ainda Bem” e “Ainda Lembro”, cantadas a plenos pulmões pela plateia em seu papel de coro. 

Houve também espaço para “Na Estrada”, “Infinito Particular”, “Depois”, “Velha Infância”, “Vilarejo”, “Beija Eu”, enfim, ecos dos Tribalistas com momentos luminosos de uma carreira-solo que se iniciou em 1989, após Nelson Motta convencer a cantora lírica que se apresentava na Itália a investir no mercado pop. 

De Nelson, aliás, é a versão em português para “Bem Que Se Quis”, sucesso de Pino Daniele, que Marisa cantou à capela no encerramento do bis, presenteando os fãs com uma de suas mais graciosas canções, onde ela sublinha os contornos de um caso passional com voz suavíssima. Um luxo só. 

Estilo: Não é a toa que Marisa é apontada como uma das principais cantoras reveladas ao Brasil na década de 1990 – ao lado de Cássia Eller (1962-2001), Adriana Calcanhotto e Zélia Duncan, cada uma com a sua característica. Pelo brilho da voz, Marisa talvez seja a Gal de sua geração. Mas aí há uma diferença. 

Gal sempre foi uma cantora moderna, que se reinventou, disposta a apostar na novidade. Marisa é moderna, não há dúvidas, mas se aproxima cada vez mais de uma posição clássica. O grande trunfo da cantora é aquela voz assombrosamente límpida e afinada e, desta zona de conforto, ela não sai. 

A receita descoberta de um pop nitidamente brasileiro que, embora receba influências externas não se dobra a um modelo pré-fabricado, também tem guiado a carreira de Marisa Monte. É um mérito, sem dúvidas, mas que em alguns momentos a aprisiona. 

Curva: O ponto que injetou alguma curva nesse repertório harmônico, que preza pela unidade, foi “Déjà Vu”, composta com Chico Brown, filho de Carlinhos Brown e neto de Chico Buarque. O garoto já aparecera no último disco do avô, “Caravanas”.  A nova canção, pelo suingue, impõe peso diferenciado ao roteiro.  

Do repertório novo, há  outras músicas bem-amarradas, como “A Língua dos Animais”, parceria com Dadi (o inspirador de “O Leãozinho”, de Caetano, como Marisa frisou na apresentação) e Arnaldo Antunes, mas ela não é lá muito diferente do conjunto da obra, e nem das canções que invadiram as rádios a partir de “Barulhinho Bom”, aquele álbum do encarte com os desenhos eróticos de Carlos Zéfiro. Havia aí, afinal, certa audácia e grande originalidade. 

Marisa já criou versões atravessadas, impensáveis, para clássicos como “Xote das Meninas”, “Chocolate”, “Ando Meio Desligado”, etc., a coleção é infindável. Hoje, parece, se dá ao direito de depurar o estilo que a consagrou. O resultado é ótimo, embora previsível. “Preciso Me Encontrar”, em sua voz, ainda arrepia.