Com Itasat
Estudo realizado por uma comissão mista de especialistas em segurança pública da Fundação João Pinheiro e da PUC Minas, além de integrantes das forças de segurança do Estado, conclui que não há manipulação de estatísticas criminais na região Norte de Minas. A investigação foi realizada após uma denúncia em abril de 2021, na qual servidores da Polícia Civil noticiaram possíveis fraudes em 500 boletins de ocorrência registrados em cidades que integram a Delegacia Regional de Januária.
Para chegar ao resultado do estudo, a comissão, formada em junho do ano passado, analisou minuciosamente a redação de 840 boletins de ocorrência que foram protocolados no Reds, sistema de registro de evento de Defesa Civil, na 11ª Região Integrada de Segurança Pública, que abrange justamente o Norte de Minas.
O professor da PUC e especialista em segurança pública, Luís Flávio Sapori, que integrou a comissão, detalha a conclusão da pesquisa.
“Efetivamente, as denúncias não tinham fundamento. Elas consideravam algumas ocorrências, ou umas ou outras, muito aleatórias. Tudo leva a crer que muitas delas por erros básicos de interpretação do fato, mas ficou claro que não há na região Norte de Minas Gerais uma política, um procedimento deliberado ou intencional de desqualificar casos graves, transformando-os em casos menos graves e não violentos, como se fosse não uma tentativa deliberada de reduzir artificialmente a violência em Minas Gerais, as estatísticas criminais”, disse.
Entre os 840 boletins verificados, apenas 7% apresentam divergência entre a narrativa descrita pelo policial e a tipificação do crime. A comissão concluiu, no entanto, que essa falta de coesão não ocorreu por intencionalidade no erro ou por uma tentativa de manipulação. A major Layla Brunella, porta-voz da Polícia Militar (PM), explica porque isso aconteceu e ressalta o que tem sido feito para que os militares tenham cada vez mais precisão no momento de registrar as ocorrências.
“Dentro desses 7%, o maior volume tem a ver com uma natureza específica. É o que a gente chama de vias de fato/agressão. É quando há uma rixa, uma briga entre várias pessoas e as pessoas saem machucadas, com pequenas lesões. O militar classifica como vias de fato/agressão, mas os estudiosos que fizeram a análise entenderam que caberia melhor uma lesão corporal. Então, na verdade, é uma a divergência não é um erro. É uma interpretação de quem está lá no momento, que entendeu mais adequado colocar uma natureza infantil”.
Para o secretário de Justiça e Segurança de Minas Gerais, Rogério Greco, a denúncia que originou o estudo foi fundamental para que se comprovasse a confiabilidade nos dados estatísticos sobre os crimes que ocorrem no Estado.
Greco destaca que esses números são a base desenvolvimento das estratégias criadas para aumentar a segurança dos mineiros. “Mostra que a população pode confiar tranquilamente nas nossas estatísticas. Ninguém aqui está afim de manipular e ninguém está afim de criar estatísticas falsas. Muito pelo contrário. Então, foi até bom, porque demonstrou realmente segurança nos dados estatísticos”.