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atentado em escola

Biden visita Uvalde, cidade onde atirador deixou 21 mortos em escola

Biden visita Uvalde para consolar população traumatizada por massacre escolar

30/05/2022 10h33
Por: Redação

Com Itasat

Um angustiado Joe Biden colocou flores e rezou neste domingo (29), no memorial improvisado em Uvalde para homenagear as 19 crianças e dois professores mortos em uma escola primária nesta cidade do Texas por um jovem armado.

Acompanhado de sua esposa Jill, o presidente americano foi pela primeira vez ao santuário construído em frente à escola.

Vestidos com trajes de luto e de mãos dadas, o casal presidencial caminhou lentamente pelo corredor feito de flores, bichos de pelúcia, cruzes brancas e fotos deixadas em homenagem aos 21 mortos.

Biden, 79, que sofreu a perda de seu filho Beau para o câncer e sua primeira esposa e filha em um acidente, fez o sinal da cruz, aparentemente enxugando uma lágrima.

O presidente americano então assistiu a uma missa católica com moradores locais na Igreja do Sagrado Coração. A primeira-dama esticou os braços para tocar fiéis presentes.

"Nossos corações estão partidos", disse o arcebispo Gustavo Garcia-Siller.

A agenda de Biden também marca um encontro privado com as famílias das vítimas, sobreviventes e equipes de socorro.

A visita a Uvalde ocorre menos de duas semanas depois de uma viagem semelhante a Buffalo, Nova York, onde um tiroteio de motivação racista deixou 10 membros da comunidade negra mortos pelas mãos de um atirador branco.

À medida que surgiam testemunhos de crianças que sobreviveram ao ataque, o presidente pediu ações para evitar futuros massacres em um país onde os esforços para endurecer as regulamentações sobre armas de fogo falharam repetidamente. 

No sábado, Biden pediu "a todos os americanos agora que se unam e façam com que suas vozes sejam ouvidas e trabalhem juntos para tornar esta nação o que pode e deve ser".

"Mais republicanos interessados"

Como sempre acontece após essas tragédias já comuns nos Estados Unidos, o debate sobre o controle de armas de fogo está de volta à mesa. Importantes legisladores dos EUA expressaram otimismo cauteloso no domingo para dar alguns passos nessa direção.

"Há mais republicanos interessados em falar sobre encontrar um caminho a seguir do que vimos desde Sandy Hook", disse o senador democrata Chris Murphy à ABC, lembrando o tiroteio em uma escola de Connecticut em 2012, que deixou 26 mortos. 

Dick Durbin, o democrata número dois no Senado, estava confiante de que "haverá alguns" legisladores da oposição que se manifestarão a favor da promoção de novas regras, enquanto Adam Kinzinger, um republicano moderado na Câmara dos Deputados, afirmou "agora eu estou aberto à proibição" de armas de fogo ou requisitos maiores para sua compra e uso.

A vice-presidente Kamala Harris pediu ao Congresso no sábado que "tenha coragem" para enfrentar o lobby das armas, aludindo à poderosa e influente National Rifle Association (NRA), e mudar a legislação atual.

Polícia sob escrutínio

O Departamento de Justiça anunciou uma investigação sobre a criticada resposta policial ao incidente, após um pedido do prefeito de Uvalde, Don McLaughlin.

"O objetivo da revisão é fornecer um relato independente das ações e respostas da aplicação da lei naquele dia e identificar as lições aprendidas e as melhores práticas para ajudar os socorristas", disse o porta-voz do Departamento, Anthony Coley.

A Polícia admitiu ter tomado uma "decisão errada" ao adiar a sua entrada no centro educativo depois de ter sido alertada sobre o tiroteio.

De fato, os agentes levaram cerca de uma hora para acabar com o massacre, apesar de vários telefonemas de crianças pedindo intervenção. Os 19 agentes que estavam no local aguardavam a chegada de uma unidade especializada.

Por fim, o agressor, Salvador Ramos, um jovem de 18 anos armado com um fuzil semiautomático, foi morto por policiais.

Ramos entrou em uma sala de aula, fechou a porta e se dirigiu às crianças: "Vocês todos vão morrer", antes de abrir fogo, segundo o relato de um sobrevivente, Samuel Salinas, de 10 anos, ao canal ABC.

Sobreviventes do ataque disseram que fizeram ligações para a polícia sussurrando e suplicando por ajuda.

Depoimentos apavorantes 

A divulgação de testemunhos de crianças que sobreviveram ao massacre estremeceram o país. 

Samuel Salinas disse que se jogou no chão para simular sua morte. 

Miah Cerrillo, 11, fez a mesma coisa para escapar da atenção de Salvador Ramos. A menina se cobriu com o sangue de um colega, cujo corpo estava ao lado dela, disse ela à CNN fora das câmeras. Ela tinha acabado de ver como Ramos matou sua professora depois de dizer "boa noite" para ela. 

Outro estudante, Daniel, disse ao jornal The Washington Post que enquanto as vítimas esperavam a polícia vir em seu socorro, ninguém gritou. "Fiquei assustado e estressado, porque as balas quase me atingiram", disse ele. 

Sua professora, que estava ferida, sussurrou para eles "ficarem calmos" e "ficarem quietos". Ele acabou sendo resgatado pela polícia, que quebrou as janelas de sua sala de aula. Desde então, tem pesadelos recorrentes.

Solidariedade

Desde quarta-feira, moradores desta pequena cidade e de outras cidades chegam ao memorial improvisado com 21 cruzes brancas de madeira instaladas na praça com os nomes de 19 crianças e dois professores mortos. 

Os participantes silenciosos formam um círculo ao redor do memorial, dão as mãos e rezam. Eles também deixam flores e bichos de pelúcia que se juntam às inúmeras mensagens de carinho escritas nas cruzes, palavras como "eu te amo" ou "vou sentir sua falta". 

"É importante estar aqui, para oferecer condolências à comunidade", diz Rosie Varela, 53, que viajou uma hora da cidade texana de Del Rio com o marido e o filho adolescente. 

"Eles não estão sozinhos; estamos aqui para apoiá-los. Teria sido triste se ninguém viesse aqui", acrescenta ela com lágrimas nos olhos. "Temos que ajudar essas crianças a sair desse trauma, dessa dor", disse Humberto Renovato, 33 anos, nascido e criado em Uvalde.