Com Itasat
O ator Milton Gonçalves morreu na tarde desta segunda-feira (30), no Rio de Janeiro. Ele tinha 88 anos e enfrentava problemas de saúde desde que sofreu um AVC em 2020.
Segundo a família, Milton Gonçalves morreu em casa por volta de 12h30. Ainda não há informações sobre velório e enterro.
Quando sofreu o acidente vascular cerebral, há dois anos, o ator passou três meses internado e respirando com a ajuda de aparelhos. Ao receber alta, ficou com sequelas na voz e passou a usar cadeira de rodas.
Referência para várias gerações na arte e na política, o flamenguista Milton Gonçalves se notabilizou na luta contra o racismo e a discriminação. O ator enfrentou preconceitos e lutou pelo reconhecimento do trabalho dos negros em papeis na TV e na busca por emprego digno na sociedade.
"Tem uma frase que ele sempre disse: eu não sou do movimento negro, eu sou um negro em movimento", afirmou o filho Maurício, ao G1.
Em 2022, Milton foi homenageado pela escola de samba Acadêmicos de Santa Cruz, com um enredo que mesclou sua vida de batalhas com a coroação de orixás.
Carreira
Gonçalves nasceu em 9 de dezembro de 1933, Monte Santo, Minas Gerais. Ainda na infância, mudou-se para São Paulo com a família. Na capital paulista, fez teatro infantil e teatro amador, até estrear como profissional em 1957 no Teatro Arena com a peça Ratos e Homens, de Steinbeck. Entrou na Globo antes mesmo da estreia da emissora: formou o primeiro time de atores após participar do filme Grande Sertão, em 1965. Ele relembrou a chegada em depoimento ao projeto Memória Globo.
"Não tinha inaugurado nada ainda. Os três estúdios, aquele auditório, pareciam para mim os estúdios da Universal. O primeiro salário foi 500 cruzeiros. E eu fiquei feliz".
Na TV Globo, participou de mais de 40 novelas, entre elas as versões clássicas de Irmãos Coragem (1970) e Escrava Isaura (1976) e séries, como as produções originais de A Grande Família (1972) e Carga Pesada (1979).
Seu último trabalho na TV foi em 2018, na novela O Tempo Não Para (2018).