Com Itasat
A major Layla Brunella, porta-voz da Polícia Militar de Minas, reafirmou que o homem morto por um policial na Vila Barraginha, em Contagem, reagiu e levou a mão na direção da arma do militar. A versão da PM, dada em entrevista coletiva na noite desse domingo (17), é contestada por parentes da vítima, identificada Marcos Vinícius Vieira Couto, de 29 anos.
O PM que atirou foi levado para o 39º Batalhão e está à disposição da Justiça Militar.
A major explicou que já no acionamento da PM moradores destacaram a periculosidade do suspeito e alertaram que ele teria efetuado disparos com arma de fogo. Conforme a PM, Marcos tem nove conduções por tráfico, sete prisões por porte de arma e uma por comércio ilegal de arma.
A porta-voz diz ainda que Marcos resistiu à abordagem e, como várias pessoas se aglomeraram no local, os militares tentaram levar o suspeito para uma ‘área de segurança, mais tranquila’.
“Ele se nega, começa a se tornar ali um abordado desobediente, e um dos nossos policiais militares pega ele pela camisa e começa a conduzi-lo para essa área de segurança. Durante essa condução, próximo a trazer ele para uma das nossas viaturas policiais, ele reage tirando a mão da cabeça e levando a mão próximo ao rosto do policial militar e próximo ao armamento, na tentativa de arrebatar esse armamento. E aí, segundo o policial militar, nessa reação do autor, que já estava apresentando toda essa alteração anterior e essa possibilidade de ele estar armado, ele efetua disparos de arma de fogo pra salvaguardar a própria vida e evitar que ele arrebate a arma de fogo”. No entanto, vídeos que circulam nas redes sociais mostram o policial levando o homem para atrás de uma kombi e atirando.
Sobre os vídeos, a major diz que as imagens foram recortadas e que aguarda os originais.
“Claramente não mostram toda a ação. Mostram a legalidade inicial daquela abordagem, onde um policial militar faz essa condução para área de segurança, não há tapas, não há ali nenhum esculacho por parte de policial militar nenhum, não há nenhum excesso ali inicial naquela abordagem. E mostram também, apesar dos recortes, essa tentativa de reação desse abordado no sentido de tentar arrebatar a arma do policial militar”, disse.
Família
Na versão de familiares e moradores, Marcos estava desarmado e não reagiu. "Os policiais tentaram levar ele para um beco, mas ele não quis e estava se puxando para trás. Aí o policial levou ele para atrás de uma kombi e fez três disparos na cabeça dele. Ele não reagiu em momento nenhum. A rua estava cheia de morador. Todo mundo viu. Tenho as filmagens. Eles estão falando que meu irmão pulou no fuzil, mas é mentira”, disse uma irmã de Marcos.
Ela admite que o irmão teve envolvimento com o tráfico, mas garante ele já tinha deixado o mundo do crime.
OAB
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) entrou no caso. A entidade recebeu informações de que foi a terceira execução em menos de duas semanas no local.
A denúncia feita à entidade aponta ainda que as execuções, incluindo a desse sábado (16), aconteceram "porque o suposto traficante e outros não 'pagaram' os valores de suposta corrupção cobradas e devidas aos policiais".