Às vésperas do Dia Internacional da Mulher, o governador Romeu Zema recebeu policiais, bombeiras e agentes das forças de segurança do estado para uma conversa sobre a posição da mulher em cargos de liderança em Minas Gerais. Durante um café na Cidade Administrativa de Minas Gerais, elas relataram suas experiências dentro das respectivas corporações, e a importância de ocuparem cada vez mais os postos e virarem exemplo para mais profissionais competentes nas forças.
Primeira mulher a ocupar o cargo de chefe do Estado-Maior do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) , a coronel Daniela Lopes Rocha da Costa faz questão de frisar como suas colegas estão cada vez mais se destacando. “Hoje temos mulheres em todas as posições, de soldado a coronel, trabalhando como motoristas de viaturas de emergências, pilotas de aeronaves, nas buscas, atividades administrativas, evidenciando que o protagonismo das mulheres ocorre em todos os segmentos, basta que elas tenham oportunidade de exercer seu potencial”.
Ela estava na primeira turma que acabou com a exclusividade masculina no CBMMG, em 1993, e enaltece a relevância dessa representatividade exponencial. “Meu grande desejo é que todas as portas que foram abertas não se fechem, esse é o nosso papel”, acrescenta a chefe do Estado-Maior do CBMMG.
A importância de ter alguém como inspiração pode ser observada na composição de quadros de direção da Polícia Penal de Minas . Eliane Lopes Coelho é a única diretora de uma das 19 regionais do Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG) . “Espero que venham mais mulheres. É um desafio muito bom tanto na questão do aprendizado, quanto na aceitação das mulheres nos cargos comissionados, tenho a aceitação dos meus colegas”, conta. E a depender do exemplo que ela proporciona, a tendência é essa mesmo.
“Eu almejo alcançar a experiência dela, chegar no patamar que ela chegou, porque é um aprendizado diário, uma luta diária, a gente enfrenta alguns preconceitos, hoje em dia não tanto, mas temos suporte para poder conseguir vencê-los para poder mostrar que conseguimos ser tão boas ou melhores que os homens”, relata Kelly Cristina Nicolau, diretora-geral do Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto (CPFEP), maior instituição prisional feminina de Minas Gerais, uma das 57 mulheres em cargos de direção nas unidades prisionais do estado.
“Hoje temos mulheres nas nossas unidades ultra operacionais, operadoras aerotáticas, em unidades de elite, mas ainda com alguns preconceitos de nos entenderem como vinculadas a algum homem, como se os postos que ocupamos tivessem sido nos dados de presente por algum homem”, pontua a delegada Irene Franco, chefe-adjunta da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) e interinamente no comando do órgão em que atua há 25 anos. “As mulheres que ocupam esses cargos de decisão na Polícia Civil o fazem em virtude de sua competência, de sua habilidade e dedicação irrestrita à Polícia Civil, e eu me incluo nesse grupo”, conclui.
Os avanços dos últimos anos tampouco passam despercebidos, como testemunha a 2º Sargento PM Danúbia Narciso Silva Tavares. “São muitos os desafios, na instituição e na nossa sociedade, Ainda existem alguns problemas, principalmente no sentido de se reafirmar naquela função, em que precisamos produzir e fazer a mais para provarmos que somos capazes. Mas na instituição não temos diferença salarial por gênero, só regulada pelo posto e pela graduação, nisso não temos do que reclamar”, afirma.
O governador mineiro acredita que as mulheres vão continuar ampliando a sua participação profissional e, inclusive, em áreas que eram praticamente inacessíveis no passado, e expressa satisfação em ver esses novos espaços cada vez mais ocupados por elas, garantindo assim uma maior diversidade que enriquece os ambientes de trabalho. “Quando se tem pessoas que pensam de forma igual, bastaria ter só uma pessoa. O que faz as coisas melhorarem é ter diversidade, visões diferentes, mais inovação e ir mais adiante”, analisa Romeu Zema.
Ele lembra ainda que a participação feminina cresceu em sua gestão de maneira espontânea, a partir de critérios que prezam pela competência. “Não foi uma política de governo, foi simplesmente porque o critério para montar a equipe tem sido o mérito, e não indicação política. E como a proporção na política ainda é bem maior entre homens, é natural que houvesse essa mudança. O que deixa claro que quando há meritocracia, as mulheres crescem muito mais”.