Neste domingo, o segundo do mês de maio, comemora-se, no Brasil, o Dia das Mães. Conhecidas como figuras protetoras e amorosas, essas mulheres já entregam tudo de si quando o bebê ainda está em formação dentro de suas barrigas, alterando grande parte de suas rotinas – seja em relação à alimentação, trabalho ou atividades físicas. À espera de seus filhos, elas fazem o enxoval, se preparam por meio de cursos e, grande parte, ainda enfrentam os obstáculos de uma gravidez de risco, em busca do seu maior sonho. Esse é o caso de muitas mulheres na Maternidade Odete Valadares (MOV), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) , que é referência nesse tipo de atendimento em Belo Horizonte.
A ginecologista obstetra do pré-natal e da Enfermaria de Alto Risco da MOV, Luciana Carvalho Martins, explica que a gestação é considerada de alto risco quando está associada a alguma condição que pode provocar dificuldades durante a gravidez, o parto ou o pós-parto. “Pode ser alguma condição clínica ou doença que a gestante já tinha antes de engravidar ou que pode surgir durante a gravidez, aumentando o risco para mãe ou para o bebê. Hipertensão, diabetes e obesidade são as mais comuns, muitas vezes causadas pela má alimentação, como o consumo excessivo de alimentos processados”.
Diferente de uma gestação habitual, as gestantes com alto risco precisam de um acompanhamento ainda maior. “São necessárias mais consultas e exames para que possamos fazer o controle da doença. Muitas vezes é preciso que também seja feito um acompanhamento com outros especialistas, como endocrinologista, cardiologista, hematologista, psiquiatra e psicólogo”, explica a médica.
Acompanhamento humanizado
Para tranquilizar essas mães, o diálogo é essencial. “Informar a mãe sobre a sua condição é importante para que se sinta mais segura e se conscientize das tarefas que precisará cumprir durante a gestação para diminuir os riscos”, afirma a ginecologista.
Segundo ela, a indução do parto é muito comum nesses casos. “Tentamos levar a gravidez pelo máximo de tempo, com o objetivo de diminuir a possível prematuridade do bebê, mas quase sempre é necessária a indução, o que exigirá paciência da gestante e dos familiares, já que costuma ser um processo longo e trabalhoso. Então, o ideal é que ela esteja em um ambiente agradável, sem muito tumulto e barulho. Também é importante o uso da analgesia a quem precisa desse alívio para manter a indução. E, claro, sempre mantendo todos muito bem informados sobre cada etapa do processo”, relata Luciana.
Nos casos em que o bebê necessita ser encaminhado à UTI após o nascimento, também é importante proporcionar à mãe o máximo de tempo possível perto do recém-nascido, além de estimular a amamentação - quando houver essa possibilidade. “São formas que temos de reduzir um pouco os sofrimentos dessas mulheres quando existe um problema”, ressalta a médica.
Final feliz
Juliana de Souza Soares Cândido acabou de dar à luz seu segundo filho, 11 anos após se tornar mãe pela primeira vez. Com hipertireoidismo, ela ainda foi diagnosticada com diabetes gestacional e teve que enfrentar todos os desafios de uma gravidez de alto risco. “O acompanhamento que recebi na MOV foi fundamental para que eu tivesse uma gestação segura, com todas as informações necessárias e o cuidado da equipe, sempre atenta aos meus exames", lembra.
Miguel nasceu com 38 semanas e um dia, após um parto normal induzido. “Correu tudo tranquilo. A equipe avaliava cada procedimento. Eu e meu filho ficamos bem e tivemos alta juntos”, conta Juliana, que é só elogios à maternidade. “Só tenho a agradecer a toda equipe, que foi maravilhosa. Ficava impressionada de ver o carinho e o cuidado dos profissionais com as pacientes. Eles me passaram muita segurança e tranquilidade. Muitas vezes eu chegava aflita às consultas, sem saber se o Miguel ficaria bem, e saía de lá com o coração tranquilo”, conta Juliana.
Curso Casal Grávido
Com o objetivo de difundir a informação sobre parto, puerpério, amamentação e outros assuntos relacionados à gestação, a MOV disponibiliza, ainda, o curso Casal Grávido às gestantes e seus familiares. “Quanto mais a paciente tiver conhecimento das boas práticas, mais sucesso teremos com o andamento do trabalho de parto”, afirma a enfermeira obstetra do pré-parto da MOV, Luzia Ventura.
O curso conta com a participação de uma médica do pré-natal, uma profissional do banco de leite humano da MOV, uma fisioterapeuta e uma enfermeira obstetra para passar todas as informações relevantes e esclarecer as dúvidas das mamães e dos seus acompanhantes.
“Trabalhamos as boas práticas do parto ao nascimento, como os métodos de alívio da dor - o uso do chuveiro e da bola (de Pilates), a massagem, a caminhada e os exercícios feitos nos momentos que antecedem ao nascimento -, e a escolha da posição da mulher na hora do parto. Além disso, esclarecemos sobre a analgesia e o plano de parto e também orientamos os familiares das gestantes sobre como podem participar desse momento tão aguardado. E, claro, os cuidados com o bebê, inclusive na sua primeira hora de vida, e o aleitamento materno”, explica Luzia.
A enfermeira ressalta, ainda, que, durante o curso, as profissionais aproveitam para tirar todas as dúvidas em relação à assistência (cesariana, colocação do DIU após o parto) e à gestação de alto risco.
Angélica Priscilla de Brito já é mãe de um adolescente de 15 anos e mesmo assim achou importante se informar. Ao lado do companheiro, que será pai pela primeira vez, ela prestou atenção em cada detalhe passado pela equipe da maternidade. “Vi que muitas coisas mudaram desde quando tive meu filho, então achei importante me atualizar, principalmente em relação aos cuidados com o bebê. Foi essencial meu companheiro poder estar presente também, para que ele entenda toda a dinâmica em torno da gravidez e do puerpério e possamos passar por isso juntos. Da primeira vez, meus pais foram minha rede de apoio e agora será o pai do meu filho”, afirma ela.
Ela conta que teve problemas relacionados à amamentação com seu primeiro filho. “O curso foi excelente. Foi muito importante desmistificar os inúmeros mitos que existem em torno do aleitamento materno. Quando tive meu primeiro filho, precisei procurar um hospital devido às fissuras que tive no seio. Agora, com todos os esclarecimentos, sei que vou evitar muitos problemas por ter conhecimento prévio. Por isso, valeu muito a pena participar. Se para mim foi tão bom, imagino para quem será mãe pela primeira vez”, elogia.
O curso acontece duas vezes por mês, das 8h às 11h, no pré-natal da MOV. Para participar, basta fazer o agendamento pelo (31) 3298-6013.
As mulheres que realizam o pré-natal na maternidade também podem agendar, pelo mesmo telefone ou na recepção do atendimento, uma consulta com a equipe de enfermagem obstétrica para falar, exclusivamente, sobre o plano de parto.
Maternidades da Fhemig
As quatro maternidades da Rede Fhemig - MOV e Hospital Júlia Kubitschek (HJK), em Belo Horizonte, Hospital Regional João Penido (HRJP), em Juiz de Fora, e Hospital Regional Antônio Dias (HRAD), em Patos de Minas, são referências no atendimento à gestação de alto risco.
As UTI’s Neonatais contam com infraestrutura completa e equipes multidisciplinares especializadas, formadas por profissionais como médicos de diversas especialidades, enfermeiros, psicólogos, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, assistentes sociais e fonoaudiólogos.
As unidades dispõem, ainda, de protocolos clínicos para as principais patologias presentes na prematuridade, como retinopatia, displasia broncopulmonar, icterícia neonatal, distúrbios glicêmicos e metabólicos, persistência de canal arterial, hemorragias periventriculares, administração de surfactante, reanimação neonatal para prematuros e recém-nascidos a termo, sepse neonatal precoce e tardia, infecções congênitas, nutrição enteral e parenteral, entre outros.