Dalai pede tempo para reunião que pode afastar Wagner e tenta acabar com divisão no Cruzeiro: ‘Kamikazes de um lado, xiitas do outro’

José Dalai Rocha, presidente interino do Conselho Deliberativo do Cruzeiro após o pedido de licença de Zezé Perrella, disse que vai esperar “a missa de sétimo dia da catástrofe” do clube – referindo-se ao rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro, ocorrido no último domingo (8) – para definir sobre a convocação da Assembleia Geral Extraordinária para votar o afastamento do presidente Wagner Pires de Sá e dos vices Hermínio Lemos e Ronaldo Granata.

“Temos que aguardar um tempo porque estamos ainda aguardando a missa de sétimo dia da catástrofe que sofremos. Tenho certeza que eu e 9 milhões de cruzeirenses estamos ainda na lona depois de receber aquele uppercut (golpe no boxe em que um dos lutadores acerta o queixo do adversário com o movimento da mão fechada de baixo para cima) no queixo que o Mike Tyson derrotava os adversários dele no primeiro minuto do primeiro round”, afirmou Dalai Rocha em entrevista a rádio Itatiaia.

O pedido da convocação da assembleia, feito nessa terça-feira (10) por um grupo de conselheiros e associados, já foi recebido por Dalai Rocha, que pediu cautela. O presidente do conselho celeste destacou o trabalho do Conselho Gestor e deu a entender que uma reunião neste momento para afastar a diretoria perturbaria ainda mais o clube.

“Temos que ver com uma certa cautela porque pode iniciar uma batalha jurídica complexa e que vai tomar um tempo que o Cruzeiro não tem. No momento, temos a atuação do Conselho Gestor, que foi uma criação jurídica possível para a atuação de uma equipe que está praticamente administrando o Cruzeiro, que é o Zezé Perrella, o Walter Cardinalli (Júnior) e o Dr. Jarbas Reis. Todos os três muito qualificados e que vêm fazendo um trabalho muito importante”, observou.

“Se esse grupo, que apresentou esse requerimento de afastamento imediato do presidente Wagner, aceitar um contato conosco, gostaria de manter esse grupo em contato com o Conselho Gestor. Porque eles terão conhecimento do trabalho do Conselho Gestor até agora e que merece crédito”, completou.

Kamikazes x Xiitas

Dalai Rocha disse que uma de suas missões no comando do Conselho Deliberativo será tentar pacificar o Cruzeiro. Ele comparou a situação atual a uma briga de kamikazes e xiitas. 

“A única coisa que me ocorre é assumir uma gestão que, em primeiro lugar, acabe com o ‘nós e eles’. Esse ‘nós e eles’ que nos afundou, um grupo de kamikaze de um lado, um grupo de xiitas do outro, um grupo do Estado Islâmico, se apedrejando e digladiando”, ressaltou.

Com salários atrasados de funcionários e de jogadores, o Cruzeiro não tem dinheiro para quitar os compromissos neste fim de ano. E a situação para 2020 é ainda pior com o clube disputando a Série B do Brasileirão, já que a cota de TV irá cair drasticamente.

“Situação catastrófica. Há situações urgentes que o Conselho Gestor está resolvendo. Temos que permitir que o Conselho Gestor oxigenize pelo menos uma parte do Cruzeiro para a gente reagir”, finalizou.