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Promete cura

'Charlatanismo', alerta MP sobre igreja evangélica que promete imunizar contra o coronavírus

Falso profeta

03/03/2020 10h45Atualizado há 5 anos
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Lideranças da Igreja Catedral Global do Espírito Santo, autoproclamada "Casa dos Milagres", podem ser enquadrados no crime de “charlatanismo ou curandeirismo” por prometerem imunização contra o coronavírus por meio de um “óleo consagrado”. O caso ocorreu no Rio Grande Sul e chegou ao conhecimento do Ministério Público do estado (MPRS). 

“Ao tomar conhecimento, através de mensagens e postagens em seus perfis nas redes sociais, de um culto contra o coronavírus que prometia imunizar pessoas, o Ministério Público tomou uma série de providências nas áreas cível e criminal”, diz nota.

Segundo a coordenadora do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos do MPRS, Angela Rotunno, caso tenha sido feito qualquer tipo de pagamento por fiéis, a conduta pode ser enquadrada como estelionato. O órgão notificou a federação a qual pertence a igreja que promoveu o ato, solicitando explicações.

Em culto transmitido ao vivo nas redes sociais nesse domingo (1º), a igreja pediu que os fiéis fossem ao templo “porque haverá unção com óleo consagrado no jejum para imunizar contra qualquer epidemia, vírus ou doença".

O culto foi comandado pelo autoproclamado profeta Sílvio Ribeiro. "Mas a unção com óleo vai curar coronavírus?", questinou o pastor. "Deus tem o pode de curar tudo", afirmou em seguida.

Inquérito 

Um inquérito policial foi aberto para investigar um possível charlatanismo, que consiste na “exploração da credulidade pública, anunciando a cura por meio secreto ou infalível”. 

De acordo com a delegada responsável pelo caso, Laura Rodrigues Lopes, a polícia recebeu a denúncia sobre o culto do dia  1º de março “O poder de Deus contra o coronavírus". "Venha porque haverá unção com óleo consagrado no jejum para imunizar contra qualquer epidemia, vírus ou doença.” 

Os policiais foram até o local, na Avenida das Indústrias, na zona norte de Porto Alegre,  mas não constataram durante o culto nenhuma irregularidade que pudesse comprovar charlatanismo.

Segundo Laura, foram ouvidos alguns fiéis que também não comprovaram que alguma irregularidade pudesse estar sendo cometida na igreja. “Nós tentamos nos aproximar de uma forma sigilosa, mas, quando iniciamos os questionamentos, percebemos que algumas pessoas conheciam quem estava na operação; acabamos, então, ficando no local acompanhando o culto e não constatamos nenhuma irregularidade”. 

O inquérito tem prazo de 30 dias para ser encerrado. A partir desta terça-feira, testemunhas devem ser convocadas para prestar depoimento. 

Nesta segunda-feira (2), o pastor Silvio Ribeiro divulgou em suas redes sociais um versículo da Bíblia como forma de justificativa sobre a promessa de cura. “Tiago 5:14. Se algum de vocês doente, que chame os presbíteros da igreja, para que façam oração e ponham azeite na cabeça dessa pessoa em nome do Senhor.15. Essa oração, feita com fé, salvará a pessoa doente. O Senhor lhe dará saúde e perdoará os pecados que tiver cometido”.

Além disso, o pastor utilizou o Instagram para divulgar uma imagem com um texto que fala sobre as ações que já foram realizadas pela igreja e que não foram divulgadas pela mídia, mas que a imagem do banner viralizou e “pessoas estariam fazendo maldade sobre o caso”.