Criada pelo então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek (1902-1976), em 29/2/1944, a Escola Guignard, que representa um marco na história da formação artística em Minas Gerais, completará 80 anos nesta quinta-feira (29/2).
Para celebrar essa trajetória, o Governo de Minas Gerais , por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult) e da Fundação Clóvis Salgado (FCS), em parceria com a Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) , lança o projeto “80 e Sempre”.
A iniciativa abrange concertos, exposições, aulas, oficinas e o Congresso 80 anos da Escola Guignard, compondo uma ampla programação que deverá se estender ao longo do ano.
As ações realizadas pela FCS contam com patrocínio da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) , do Instituto Cultural Vale, do Instituto Unimed-BH, da ArcelorMittal e da Vivo.
A Escola Guignard tem uma relação antiga com o Palácio das Artes. A instituição, vale lembrar, já funcionou no complexo cultural entre 1950 e 1994. Foi nesse último ano que a sede atual da escola, a qual foi projetada pelo premiado arquiteto Gustavo Penna, veio a ser inaugurada.
O presidente da Fundação Clóvis Salgado, Sérgio Rodrigo Reis, ressalta a oportunidade de revisitar essa relação calcada no fomento à cultura e às artes.
“Quando assumi o Palácio das Artes, percebi que estávamos no momento de celebrar essa história. Oferecemos isso para a Escola Guignard, o que foi muito bem recebido. Da comunhão de interesses nasceu o projeto ‘80 e Sempre’, honrando a passagem do artista Alberto da Veiga Guignard (1896-1962), criador da escola, por Minas, seu legado e importância. Durante todo o ano de 2024 traremos um pouquinho do Guignard de volta ao Palácio das Artes, e daqui para todos”, relata Reis.
A diretora da Escola Guignard, Lorena D’Arc, ressalta os laços afetivos em torno dessa parceria e a importância dessa ação para a sociedade.
“Entendemos que a comemoração dos 80 anos da Escola Guignard é um evento importante para a comunidade acadêmica, e também para a sociedade em geral, considerando que estamos com este projeto ‘80 e Sempre’ construindo uma identidade que é parte fundamental da história das Artes Plásticas em Minas Gerais. Outra questão bastante significante é que, por meio desse projeto, teremos a oportunidade de colaborarmos e darmos visibilidade a parte de nosso acervo, considerando que as obras de arte só fazem sentido quando são expostas ao público”, pontua Lorena.
O concerto “As Minas de Guignard - Homenagem aos 80 anos da Escola Guignard”, a ser realizado pela Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG), nos dias 27 e 28/2, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, marca a abertura dessa programação. No palco, a OSMG receberá como convidados Tadeu Franco, Toninho Horta, Marcus Viana e Trio Amaranto.
Já no dia 29/2, será inaugurada a exposição “A Paixão Segundo Guignard - Escola Guignard - 80 Anos”, na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard.
Com curadoria de Paulo Schmidt e Claudia Renault, a mostra abordará o pioneirismo de Alberto da Veiga Guignard, que, em 1943, aceitou o convite feito por Kubitschek para iniciar, em Belo Horizonte, um trabalho que foi um divisor de águas no cenário cultural e artístico da época.
“‘A Paixão Segundo Guignard’ trata principalmente do Guignard artista e professor a partir de 1944, porque é nessa relação que importa a comemoração do aniversário de uma escola. A presença de Guignard vai até 1961, mais ou menos, no final com um envolvimento menor, mas ela sobrevive graças à sua vontade de ensinar e ao grupo que se formou no entorno e lutava para que a Escola permanecesse”, detalha Schmidt.
A exposição contextualiza o ofício de Guignard e como isso reverberou, sobretudo, na primeira geração de alunos e dos artistas que com ele conviveram.
Como destaque, estão obras do próprio Guignard, de seus assistentes Edith Behring, Franz Weissmann, dentre outros alunos. Guignard esteve à frente do curso desde sua implantação, em 1944, até 1961. Faleceu em 1962, deixando sua marca na formação de diversos artistas, como Amilcar de Castro (1920-2002), Yara Tupinambá, Maria Helena Andrés, Laetitia Renault e Jarbas Juarez.
Mais exposições
No segundo semestre deste ano, está prevista a realização de mais duas mostras no Palácio das Artes.
A primeira reunirá a geração dos anos 1970 até os dias de hoje. São mais de 80 professores e artistas que mantêm o legado do mestre e seguem os principais ensinamentos de Guignard: a busca de uma identidade própria, sem amarras, com muita criatividade e liberdade. A curadoria é da Fundação Clóvis Salgado e da Escola Guignard.
A segunda exposição será “80 e Sempre”, contemplando os formandos de 2024 da Escola Guignard, instituição que há 30 anos está integrada à Uemg. O objetivo é ressaltar como um pensamento que começou em 1944 com Guignard perdura e permanece vivo nas novas gerações.
Encontros, aulas e oficinas
A Escola Guignard promoverá várias ações na própria sede, no bairro Mangabeiras, como a abertura, no dia 30/3, da exposição “Era uma vez...” na Galeria da Escola Guignard. Esse dia é emblemático, pois foi quando Guignard ministrou sua primeira aula em Belo Horizonte, em 1944.
A instituição também realizará atividades no Palácio das Artes, onde haverá, por exemplo, a prática do desenho na Grande Galeria. O espectador verá o ambiente como se estivesse em uma aula de modelo vivo.
No complexo cultural e no Parque Municipal, serão ministradas mais aulas de desenho, de observação e criação propostas por artistas e professores, além de oficinas conduzidas por estudantes como parte de atividades de extensão. Desenhos feitos no chão e em grande escala, queima de cerâmica a céu aberto, dentre outras ações.
Na Escola Guignard (Uemg), a semana de aulas e atividades começará em 11/3 e o encerramento está previsto para acontecer na Sala Juvenal Dias, no Palácio das Artes, no dia 15/3, às 19h. Na ocasião, será discutida a construção da escola e o pensamento sobre o desenho a partir de Guignard.
Também no Palácio das Artes, está previsto um encontro na Galeria Aberta Amilcar de Castro, que vai reunir alunos e ex-alunos do pintor, marcando o encerramento da mostra “A Paixão Segundo Guignard”.
Na oportunidade, também serão homenageados os professores eméritos da Escola Guignard, Maria Helena Andrés, Lótus Lobo e Antônio de Paiva Moura.
Museu Casa Guignard
Além dessa programação em Belo Horizonte, o Museu Casa Guignard, localizado em Ouro Preto, realiza a exposição temporária: “Desenhos de Guignard na Coleção Priscila Freire”, a qual faz parte das comemorações dos 128 anos de Guignard, completados no dia 25/2, e dos 37 anos da instituição, a serem celebrados no próximo 7/3.
O público poderá conferir nove fac-símiles, em alta qualidade, de desenhos inéditos produzidos pelo artista entre as décadas de 1950 e 1960, que fazem parte da coleção de Priscila Freire, atual presidente da Associação Amigos do Museu Casa Guignard e especialista na obra do mestre, de quem foi amiga e aluna.
Na década de 1980, ela fundou o Museu Casa Guignard, enquanto Superintendente de Museus do Estado de Minas Gerais. Assim, a mostra evidencia a obra do artista e aborda também a relação entre Guignard, a colecionadora e o museu, além do empenho de Priscila Freire no processo de valorização do legado do artista.
“Desenhos de Guignard na Coleção Priscila Freire” permanecerá em exibição até 9/6/23, no Museu Casa Guignard, que fica Rua Conde de Bobadela, número 110, em Ouro Preto.