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Educação

Projeto de gestão compartilhada completa dois anos trazendo diversas melhorias em escolas de Minas Gerais

Iniciativa do Governo de Minas, Projeto Somar alcançou resultados educacionais importantes, incluindo melhorias em indicadores educacionais e maior...

19/07/2024 09h12
Por: Redação
Fonte: Secom Minas Gerais
SEE/MG / Divulgação
SEE/MG / Divulgação

Administrar uma escola é uma missão que vai desde a manutenção da infraestrutura, gestão da Caixa Escolar, o relacionamento com a comunidade e, principalmente, a garantia de um ensino de qualidade. Pensar em um formato que contribua com os múltiplos deveres dos gestores escolares originou a implementação do Projeto Somar.

A iniciativa do Governo de Minas , por meio da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) , propõe a gestão compartilhada de determinadas unidades escolares com Organizações da Sociedade Civil (OSC).

O projeto começou em 2022, em caráter piloto, em três escolas estaduais — E.E. Coronel Adelino Castelo Branco, em Sabará, E.E. Francisco Menezes Filho e E.E. Maria Andrade Resende, ambas em Belo Horizonte. Essas unidades enfrentavam desafios como baixos índices de aprovação, reprovação, evasão e insegurança nos arredores.

Dois anos após sua implementação, a co-responsabilidade na gestão escolar demonstrou ser um modelo transformador, melhorando não apenas os índices de desempenho dos estudantes, mas também promovendo maior engajamento das famílias e melhorando a percepção de segurança e organização nas escolas.

Modelo em Minas Gerais

Países como Reino Unido, Estados Unidos e Suécia já adotam modelos de gestão compartilhada de escolas públicas, conhecidos comocharter schools, como uma tendência global para aumentar a eficiência do sistema educacional. Cada local adapta o modelo às suas necessidades e contextos específicos, e os resultados variam conforme a implementação e supervisão desses modelos a médio e longo prazo.

Em Minas Gerais, as escolas que integram o Projeto Somar são geridas em parceria com a Associação Ceteb (Centro de Educação Tecnológica do Estado da Bahia), uma OSC sem fins lucrativos, selecionada por meio de edital de chamamento público.

E.E. Francisco Menezes Filho é uma das escolas-piloto (SEE/MG / Divulgação)
E.E. Francisco Menezes Filho é uma das escolas-piloto (SEE/MG / Divulgação)


Elas continuam sendo 100% públicas, gratuitas, pertencentes à rede estadual de ensino e com encaminhamento das matrículas via Sistema Único de Cadastro e Encaminhamento para Matrícula (Sucem).

“É importante destacar que é uma gestão compartilhada e com uma organização que não tem fins lucrativos. No nosso modelo, temos uma instituição que continua pública, com servidores públicos, professores contratados no regime CLT e os estudantes continuam sendo atendidos pela rede estadual”, ressalta o secretário de Estado de Educação, Igor de Alvarenga.

Apesar das diferenças de perfil de gestão, naturais da autonomia da direção de cada escola, o conteúdo pedagógico das três unidades de ensino segue o Currículo Referência de Minas Gerais (CRMG), assim como todas as escolas da rede de ensino estadual.

Resultados

A SEE/MG acompanha o projeto por meio de uma Comissão de Monitoramento de Indicadores de Desempenho, que analisa métricas semestrais e anuais como carga horária, desempenho dos estudantes em avaliações diagnósticas, taxas de aprovação, reprovação e abandono.

Além disso, a satisfação da comunidade escolar é avaliada através de pesquisas realizadas por uma empresa terceirizada. Em duas das três escolas do projeto, a percepção dos pais/responsáveis, professores/funcionários e da comunidade mudou de "Desorganização" e "Falta de Segurança" (2022) para "Boa Escola" (2023). O clima escolar também melhorou, sendo mais positivo em 2023 do que em 2022.

“Esse modelo de gestão compartilhada, com complementaridade de esforços e ações entre o poder público e uma OSC parceria, tem possibilitado, em curto espaço de tempo, resultados educacionais importantes no contexto pedagógico e administrativo das três escolas-piloto”, resume o superintendente da Ceteb, Claudenir Machado.

Em Sabará, na E.E. Coronel Adelino Castelo Branco, a taxa de aprovação dos alunos saltou de 62%, em 2022, para 93%, em 2023, enquanto a taxa de frequência subiu de 95% para 98%.

A participação da comunidade também aumentou em reuniões agendadas no calendário escolar. A presença dos estudantes subiu de 5% para 20%, dos familiares de 10% para 34%, e dos funcionários e professores de 50% para 86%.

A E.E. Francisco Menezes Filho, em Belo Horizonte, registrou um aumento na taxa de aprovação dos estudantes, de 86,9%, em 2022, para 95,4%, em 2023. A taxa de frequência subiu de 87% para 89%, com todas as aulas do calendário escolar sendo realizadas conforme planejado. Houve também um aumento na participação da comunidade, elevado de 23%, em 2022, para 34% no ano seguinte.

Na E.E. Maria Andrade Resende, também na capital mineira, a taxa de aprovação dos alunos subiu de 92%, em 2022, para 95,2%, em 2023, enquanto a a frequência escolar aumentou de 90% para 94%, com a realização de todas as aulas previstas.

De acordo com a subsecretária de Desenvolvimento da Educação Básica, Kellen Senra, os resultados positivos alcançados em dois anos embasam o Governo de Minas na expansão do projeto. "Agora, com uma estrutura consolidada e dados que demonstram melhorias, temos condições de expandir a gestão compartilhada para mais escolas em Minas Gerais".

Antes e depois nas escolas

Moradora do bairro Ouro Preto, em Belo Horizonte, Lara Cardoso Ramos, de 16 anos, é estudante do 2º ano do ensino médio e cresceu com uma percepção negativa da E.E. Francisco Menezes Filho. “Eram comentários sobre falta de segurança, que não havia assistência aos estudantes para ter um futuro e que, muitas vezes, eles largavam a escola sem concluir o ensino médio”, lembra.

Quando concluiu o ensino fundamental, a estudante foi encaminhada a uma vaga na escola para cursar o ensino médio. Era o segundo ano da implementação do Somar na unidade de ensino. “Eu senti uma diferença do que ouvia. Eles estão preocupados em construir uma base de diálogo forte entre escola e aluno. Conversamos muito sobre perspectivas de futuro com professores, o que eu não tive acesso em anos anteriores”, conta.

Aos 17 anos, Gabriel Pires está matriculado no 3º ano do ensino médio e relata que a experiência de familiares na escola no passado não foi positiva. “Meu irmão falava sobre a falta de relação entre direção e estudante, era algo considerado ‘largado’”, diz.

Hoje, prestes a realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para seguir carreira na área de Ciência de Dados, o jovem relata outra versão à família. “A cada dia que passa, os professores tentam inovar nos projetos na escola e na forma de ensinar”.

Estudantes Caíque, Lara e Gabriel (SEE/MG / Divulgação)
Estudantes Caíque, Lara e Gabriel (SEE/MG / Divulgação)


Com base na sua experiência como mãe de dois estudantes matriculados na E.E. Francisco Menezes Filho, a representante comercial Renata Fantini, de 49 anos, tem indicado a escola para conhecidos.

“Desde a primeira reunião pedagógica, conseguiram me cativar ao mostrar que a escola ia além de notas, que valorizam nossos filhos e os meus têm sido muito felizes aqui. Meu termômetro é esse, eles vêm para a escola e voltam para casa com satisfação e dedicação”, afirma Renata.

Gestão compartilhada na prática

Servidora pública efetiva há 22 anos, Maria de Jesus Fernandes Xavier é a diretora da E.E. Francisco Menezes Filho. Ela está à frente da instituição com cerca de 730 estudantes matriculados no ensino médio, distribuídos em três turnos. Antes, a servidora já havia atuado como diretora de outra escola estadual no formato tradicional.

"Tenho mais tranquilidade e confiança na tomada de decisões. Todas as ações na escola são compartilhadas com a OSC parceira. Essa característica do projeto nos permite um acompanhamento próximo", destaca a diretora, que conta com o suporte de três vice-diretores: um administrativo, um pedagógico e um responsável pelas relações comunitárias.

Ainda segundo a diretora Maria de Jesus, todos os projetos desenvolvidos na escola são supervisionados pela diretoria pedagógica da Ceteb e pela Superintendência Regional de Ensino (SRE) Metropolitana C.

Os processos administrativos de compra, contratação e gestão também recebem acompanhamento. Na prática, o grupo gestor conta com suporte de uma equipe técnica da OSC, que realiza reuniões semanais e mensais, tanto on-line quanto presencialmente.