Por Itasat
Um dos autores do pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT), o jurista Miguel Reale Jr, ex-ministro da Justiça do governo Fernando Henrique Cardoso, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que chegou o momento de pedir o impedimento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
"Sem a menor dúvida, é o caso de pedir o impeachment dele. Essa revelação do Moro mostra que o presidente não conhece a esfera da Polícia Federal. Eu fui ministro da Justiça e nunca interferi em um inquérito. Ele querer ter acesso e acompanhar os inquéritos é uma afronta ao Poder Judiciário", disse o jurista.
Reale afirmou, porém, que dessa vez que não pretende apresentar um pedido de impedimento. "Eu já recebi solicitação de A a Z, mas não pretendo apresentar nenhum pedido". Para o ex-ministro, o presidente apresenta uma mistura de "paranoia e insanidade". "É como um bêbado que um dia cai no meio do salão", afirmou.
Ruas
Após o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, declarar nessa sexta-feira (24), que deixa o cargo após o presidente exonerar o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Leite Valeixo, os grupos que foram às ruas pedir o impeachment de Dilma analisam a possibilidade de encampar um movimento pelo impedimento do presidente.
"O MBL avalia pedir o impeachment de Bolsonaro. As declarações do Moro configuram crime de falsidade ideológica, e a demissão de Valeixo foi obstrução de justiça", disse o coordenador nacional do Movimento Brasil Livre, Renato Battista.
O ativista declarou ter se arrependido de ter votado em Bolsonaro no segundo turno das eleições presidenciais. "Hoje eu anularia", afirmou. O MBL convocou um panelaço para o pronunciamento do presidente feito na tarde dessa sexta-feira.
Fundador do grupo Vem Pra Rua, Rogério Chequer disse que o grupo defende que se siga o mesmo caminho de Dilma. "A pressão popular pelo impeachment é crescente", disse. O ativista ressaltou ser difícil comparar os casos de Dilma e Bolsonaro. Perguntado se estava arrependido de ter votado no presidente no segundo turno, respondeu: "Não me arrependo porque jamais votaria no PT".
Ao anunciar sua demissão, Moro contou que a mudança na PF, como foi feita, é uma interferência política do presidente, e que Bolsonaro teme inquéritos que são avaliados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Os grupos bolsonaristas silenciaram em primeiro momento, mas reservadamente até aliados próximos do Palácio do Planalto reconhecem que houve uma debandada de apoiadores nas redes sociais e que a saída de Moro causou uma crise sem precedentes.