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Covid-19: estudo aponta que coronavírus pode atacar coração de crianças; são quatro óbitos

Pela primeira vez, partículas do vírus da doença foram encontradas em células do coração

31/08/2020 10h45Atualizado há 5 anos
Por:

Por Itasat

Médicos do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) estão intrigados com a morte de uma menina de 11 anos em decorrência de complicações da covid-19. Pela primeira vez, partículas do vírus da doença foram encontradas em células do coração, determinando uma relação causal entre a covid-19 e a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P), um processo inflamatório grave que pode afetar diversos órgãos, inclusive o coração.

Em entrevista, o médico patologista Paulo Saldiva diz que outros três casos como o da menina de 11 anos foram registrados pelo Hospital das Clínicas. “Infelizmente, nós já tivemos quatro casos bem documentos de mortes de crianças associadas à presença do coronavírus em vários órgãos, inclusive o coração”, disse.

O patologista explica que, diferentemente do que ocorre com os adultos, com morte por insuficiência respiratória, nessas crianças existe o problema respiratório de menor intensidade, mas óbito ocorre pela dificuldade que o coração tem de executar a função de bomba.

De acordo com o médico, as quatro crianças moravam na periferia de São Paulo, com idades entre 8 e 11 anos. “A chamada síndrome inflamatória multissistêmica não é a explicação total para esses casos fatais, para essa disfunção que provoca a morte. Não é somente uma resposta inflamatória, mas existe, sim, uma lesão direta do vírus no tecido do coração. Isso abre novas perspectivas e novas possibilidades do tratamento, para que não ocorra mais isso com as nossas crianças”, disse Saldiva.  

Sem doença

A criança de 11 anos não apresentava doenças previamente existentes, e foi levada ao pronto-socorro do Instituto da Criança do HC em estado grave, apresentando desconforto respiratório, gripe, febre alta persistente e dor abdominal.

“Após a entrada na UTI, o quadro evoluiu para disfunção cardíaca e choque cardiogênico em 28 horas, com necessidade de ventilação mecânica pulmonar e suporte de medicações para o sistema cardiovascular”, relata a médica Juliana Ferranti, que participou do estudo. “Foi uma evolução grave da covid-19, muito rara dentro da pediatria”. A confirmação da doença foi feita por um teste de PCR realizado após a morte da paciente.