Testemunhas de supostos abusos sexuais cujo suspeito é o pastor Jerusan Batista Queiroz, da Igreja Batista Getsêmani, são ouvidas na tarde desta terça-feira no Departamento de Proteção à Criança e ao Adolescente, em Belo Horizonte. Nove das dez testemunhas são pastores, inclusive Jorge Linhares, líder da igreja, e a filha dele, Daniela Linhares, que recebeu e levou adiante parte das denúncias. Ambos devem ser ouvidos nesta quarta-feira (8).
Conforme as denúncias, Jeruson é responsável por quatro templos na região de Venda Nova. As acusações chegaram à Polícia Civil em dezembro do ano passado, pela direção da igreja. Supostas vítimas prestaram depoimento.
Na ocasião, Daniela disse à imprensa que o pastor pode ter feito 30 vítimas nos últimos cinco anos. “Duas meninas, uma de 17 e uma 18 anos, foram à igreja denunciar o pastor. É uma pessoa que conheço há muitos anos e tenho propriedade para poder falar isso tudo com vocês”, disse. “Até então, a gente sabia que ele cantava mulheres, se insinuava, mas eram mulheres já, a maioria maior de idade. Não quis me envolver. Quando apareceu menor de 18 [anos], vi que a coisa realmente ficou muito séria e que tinham mais meninas para serem ouvidas”, ressaltou.
“Quero deixar bem claro que tem meninas aqui que foram impedidas de contar o que aconteceu para o meu pai (Jorge Linhares). As vítimas relatam que o pastor falava que, depois, entraria com processo contra elas de calúnia e difamação e que elas não teriam dinheiro para pagar advogado. Não só com as meninas, mas também familiares. E tiveram pastores que não deixaram o meu pai saber do caso”, afirmou.
O advogado do pastor, Hudson Cambraia, negou que seu cliente cometeu os crimes e alegou que se trata de uma retaliação contra Queiroz. “As acusações são falsas. Elas surgiram por causa de desavenças pessoais que aconteceram por causa da gestão da igreja. O pastor toma decisões e, às vezes, elas desagradam alguns”, afirmou no dia 25 de dezembro.
'Tem que apurar'
Em entrevista, Linhares disse que é necessário apurar o caso. “Para não sacrificarmos pessoas inocentes e não protegermos aquele que errou. Temos que ter cuidado para não nos tornarmos urubus e hienas que ficam querendo pegar uma carniça.”
Com relação ao convívio com o pastor denunciado, ele destacou que eram amigos. “Vinte e três anos de amizade, de modelo e exemplo. Uma pessoa assim que eu diria: relacionamento de filho com pai e nunca teve nada. E aí que entra o atenuante. Vamos apurar. A esposa dele, ele... exemplares”.