Mãe da pequena Liz, Bruna Aparecida deu à luz à filha em 22 de dezembro de 2022 na Maternidade Odete Valadares (MOV), em Belo Horizonte. Previsto para ser normal, o parto foi realizado muito antes do esperado e Liz nasceu com apenas 460 gramas. Pouco mais de cinco meses depois do nascimento prematuro e de muitos cuidados especiais, a bebê recebeu alta hospitalar em 6/6 e pôde, enfim, ir para casa nos braços da mãe, pesando 2,34 quilos.
Nascida com um peso abaixo da média até mesmo para a sua idade gestacional, Liz teve sua restrição de crescimento identificada em um exame morfológico que Bruna realizou durante o pré-natal. Embora a constatação não tenha causado grandes preocupações no geral, a gestação de Bruna teve os rumos mudados ao passar por um outro exame e descobrir uma condição de saúde chamada de pré-eclâmpsia, quadro de hipertensão arterial, após a 20ª semana de gravidez.
Luta pela vida
“Já com 22 semanas, começou minha luta, depois de passar na Maternidade Odete Valadares e observarem que minha pressão estava mais alta que o normal. Foi aí que comecei a viver um dia de cada vez. Fiquei internada e fazia cerca de 18 ultrassons diários para ver como minha filha estava. Foi um período mais crítico, porque tinha o risco de ela não sobreviver”, conta Bruna, que foi internada em 22 de novembro no hospital.
Por conta da pré-eclâmpsia, o parto de Bruna precisou ser induzido e então Liz nasceu prematuramente um mês depois, com 26 semanas e quatro dias de gestação. Mas enquanto Bruna recebeu alta, Liz continuou por três meses em uma incubadora. Coordenadora da UTI Neonatal da MOV, a médica neonatologista Ana Carmen Silva Reis fala que Liz permaneceu na unidade durante os primeiros 145 dias de vida.
“Foi um caminho longo. Necessitou de ventilação mecânica prolongada e de forma suave para não lesar os pulmões. Recebeu dieta por sonda, com aumentos lentos, e também nutrição parenteral. Foi ainda preciso restringir coletas de sangue, porque ela era muito pequena e poderia ter um choque hipovolêmico”, relata Ana Carmen.
A chegada em casa
Ao longo de quase seis meses internada e três na incubadora, Liz recebeu um cuidado individualizado, com manipulação mínima e restrita no início da vida. “Ela foi um sucesso, pois se saiu muito bem. Prematuros com menos de 500 gramas apresentam um risco elevado de morte e até terem alguma sequela. E o exame neurológico da Liz foi normal”, comemora a neonatologista.
Ao deixar a UTI para a unidade intermediária, Liz pesava 2,1 quilos. Em 6/6 deste ano, ganhou alta hospitalar com 2,34 quilos. Finalmente, Bruna pôde conhecer melhor a Liz, uma vez que ela nasceu e foi direto para a UTI, onde recebeu cuidados durante a maior parte de sua vida até o momento.
Segundo Ana Carmen, o cuidado dos pais foi essencial para o êxito na recuperação. “Logo que estabilizou, iniciou precocemente o cuidado 'canguru', tanto com a mãe quanto com o pai, o que foi decisivo para a boa evolução. Eles são muito amorosos e tranquilos. Foram parceiros nos cuidados”, diz.
“Eu não sentia nenhuma dor física. Foi feito tudo dentro do possível e acredito que até fora. Não fui para o parto sem saber o que iria acontecer. Foi tudo muito bem explicado. Fui muito bem assistida, do momento que eu entrei até a alta”, ressalta Bruna, que destaca o tratamento que ela e sua filha receberam. Dos partos atendidos na MOV, cerca de 10% são prematuros.
Investimentos e revitalização
Referência estadual do SUS na assistência às gestações de risco, a unidade neonatal onde a bebê foi acolhida contou recentemente com investimentos que ampliaram a qualidade do atendimento. Dentre eles, as obras de revitalização da UTI neonatal, calculadas em R$ 6,2 milhões. Entregue em 2022, a reinauguração aumentou de 27 para 40 a capacidade de leitos para recém-nascidos. Além disso, neste ano, a maternidade também se tornou a primeira unidade da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) a dispor do sistema Tasy, que dispensa o uso de prontuários físicos.