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Coronavírus

Polícia Federal faz operação em Belo Horizonte para apurar vacinação irregular de empresários

São quatro mandados de busca e apreensão cumpridos em endereços da capital

26/03/2021 08h41
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Por Itasat

Agentes da Polícia Federal estão em endereços ligados à Viação Saritur, em Belo Horizonte, nesta sexta-feira em busca de provas para a investigação que apura se empresários do setor do transporte e políticos foram vacinados ilegalmente contra a covid-19.

Batizada da Camarote, a operação apura se houve importação irregular de doses da Pfizer e receptação. São quatro mandados de busca e apreensão  expedido pela 35ª Vara Federal Criminal de Belo Horizonte. A garagem da empresa, no bairro Caiçara, na região Noroeste, é um dos locais vasculhados pelos agentes.

"A suspeita é de que houve importação irregular de vacinas contra covid-19 e sua receptação, configurando, em tese, a prática dos delitos tipificados no art. 334-A (caso a importação seja anterior a Lei n. 14.125/2021), no art. 334 (caso já em vigor a Lei n. 14.125/2021) ou no art. 273, §1º-B, inciso I (caso tenha acontecido antes do registro da vacina na ANVISA), todos do Código Penal, pelos importadores; bem como a possível prática do delito previsto no art. 180, do Código Penal, por aqueles que receberam a vacina", diz nota divulgada pela PF. 

O caso 

O caso da suposta vacinação irregular foi relevado em reportagem da revista Piuaí publicada quarta-feira (24).Segundo a revista, o grupo formado por políticos e empresários do setor de transportes adquiriu doses da Pfizer e aplicaram secretamente em 50 pessoas. Um dos que teriam recebido a dose foi o ex-senador Clésio Andrade, ex-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT). “Estou com 69 anos, minha vacinação (pelo SUS) seria na semana que vem, eu nem precisava, mas tomei. Fui convidado, foi gratuito para mim”, disse à Piauí. No entanto, à Itatiaia, ele negou que tenho sido imunizado e informou que está em isolamento no Sul de Minas. 

Vídeos gravados por moradores mostram pessoas sendo vacinadas na noite de terça-feira (23) na garagem de uma empresa de transporte. As imagens foram gravadas por vizinhos do local, que denunciaram um esquema clandestino de imunização contra a covid-19 pela viação Saritur. O vai e vem ocorreu após as 20h, quando já estava em vigor o toque de recolher determinado pela prefeitura.

As imagens exibem uma aglomeração de carros em volta da entrada do local. Uma mulher de jaleco branco vai até o porta-malas de um carro, retira a vacina, e aplica nos motoristas. Alguns descem do carro para receber sua dose. Outros são vacinados dentro do próprio carro. Uma outra pessoa anota nomes em uma ficha, como se estivesse confirmando cada vacinação dada.

SUS

A compra de vacinas pela iniciativa privada é permitida no Brasil desde o início do mês, no entanto, os imunizantes devem ser repassados ao SUS até que todos os brasileiros do grupo de risco sejam vacinados, o que ainda não ocorreu. A regulamentação foi feita em projeto de lei que tramitou a jato no Congresso e foi sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro no último dia 10.

As doses da Pfizer contratadas pelo Ministério da Saúde ainda não chegaram ao País. A farmacêutica nega ‘qualquer venda ou distribuição de sua vacina contra a covid-19 no Brasil fora do âmbito do Programa Nacional de Imunização’. “A vacina COMIRNATY ainda não está disponível em território brasileiro”, frisou, em nota.

Na noite de quarta-feira (24), o deputado federal e ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT-SP) acionou o Ministério Público de Minas Gerais requisitando a abertura de investigação e o confisco das vacinas compradas pelos empresários.