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Investigações

Corpo da Lorenza de Pinho chegou ao IML quase sem sangue, revela delegado

Responsável pelas investigações na Polícia Civil concedeu entrevista

14/05/2021 08h58
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Por Itasat

O inquérito, concluído pelo Ministério Público de Minas Gerais, que acusa o promotor André de Pinho de ter matado a esposa, Lorenza de Pinho, em Belo Horizonte, teve participação fundamental da Polícia Civil (PC). O repórter Oswaldo Diniz, da Rádio Itatiaia, com exclusividade, ouviu o delegado Alexandre da Fonseca, responsável pelo caso. Detalhes das investigações foram revelados.

Entre os pontos, chama atenção a ausência de sangue no corpo de Lorenza, o que dificultou os trabalhos no Instituto Médico Legal (IML). A perícia médica teve que usar a técnica de espremedura do baço para conseguir amostras sanguíneas. “Essa é uma questão que intriga a todos'', diz o delegado.

Segundo ele, a PC passou a investigar a possibilidade de feminicídio após "desconfiança da família”. Fonseca cita que o médico responsável pelo atestado inicial de óbito — que apontava morte por causa acidental  — cometeu falsidade ideológica. “Ele inseriu dados falsos em um documento público. Ele não poderia ter feito o que fez porque havia sinais claros de violência”, ressaltou.

Vício em morfina

Fonseca detalhou que a Lorenza estava viciada no uso de morfina (medicação de alto poder analgésico pertencente à classe dos opióides). Os trabalhos apontaram para superdosagem do narcótico — em alguns casos até quatro vezes mais do que o prescrito para ela. “A investigação comprovou que quem colocou foi o promotor André Luiz”, diz.

Ocultismo

A relação do promotor com “questões religiosas, de cunho espiritual” também é citada no inquérito. A situação assustou, até mesmo, os profissionais responsáveis pela investigação na delegacia. “Todos da equipe [se benzeram]”, admite.

“Essa questão de ocultismo assustou a todos. Na investigação surgiram alguns fatos, mas as provas não foram contundentes”, completa. 

Promotor nega envolvimento no sumiço do sangue

De acordo com o advogado Robson Lucas, representante de André de Pinho, não há evidências para atribuir culpa ao promotor.

“A defesa diz que em hipótese nenhuma pode ser atribuída a ele ou pessoa próxima situações de rituais ou cultos que possam revelar procedimento relacionado ao sumiço do sangue. Isso não está esclarecido pelo médico legista. Os legistas estão atendendo os quesitos da acusação. Daqui a pouco teremos as teses das defesas”, citou.

O promotor André de Pinho, que está preso em um batalhão do Corpo de Bombeiros, em Belo Horizonte, foi denunciado por homicídio qualificado como feminicídio, considerando o cenário de violência entre marido e mulher.

Houve, ainda, os agravantes de motivo torpe, asfixia e recurso que dificultou a defesa da vítima, já que o laudo do IML apontou que Lorenza sofreu envenenamento.

A pena prevista para feminicídio é de, no mínimo, 12 anos e pode chegar a até 30 anos de prisão.