A Polícia Civil está investigando a morte de Gisele Soares de Carvalho, de 39 anos, que morreu nessa quarta-feira (8) após uma parada cardíaca durante um procedimento em uma clínica de estética em um prédio comercial na rua Tupis, no Centro de BH. O médico José Maria Rabelo Vasconcelos, de 71 anos, foi ouvido na Central de Flagrantes e vai responder em liberdade. Em entrevista coletiva, ele se defendeu e disse que foi uma fatalidade.
“Eu tenho 46 anos de medicina, sou pós-graduado na França e na Argentina, nunca tive nenhum problema desse tipo. Estou completamente traumatizado com o que aconteceu, foi uma grande fatalidade”, disse.
A vítima fazia um procedimento com aplicação de PMMA nos glúteos quando teria passado mal. O Samu chegou a ser acionado, mas a mulher não resistiu. A clínica foi interditada pela Prefeitura de Belo Horizonte, pois tinha licença apenas para consultas e não para procedimentos cirúrgicos.
José Maria revelou ainda que a vítima era cliente dele desde 2018 e tinha realizado vários procedimentos. “É um procedimento minimamente invasivo”, explica.
O uso de PMMA é regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas, em julho de 2018, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) contestaram a decisão do órgão.
“Face aos últimos acontecimentos, de casos de morte com a utilização inadequada do produto para fins estéticos, a Anvisa, ao divulgar este documento, presta um desserviço tanto à população quanto à classe médica, uma vez que está comprovado que o PMMA não pode ser usado indiscriminadamente e tampouco em grandes quantidades”, afirmou a SBD à época.
Naquele mês, o vice-presidente da SBD, Sergio Palma, alertou sobre a substância. “O uso em grades doses não é seguro, podendo produzir resultados imprevisíveis e indesejáveis, incluindo reações incuráveis e definitivas. Essas reações podem ser imediatas, em curto prazo, após o procedimento ou tardias”, disse ao site da sociedade.