Com Itasat
"Ele teve o prazer em me causar dor e tentar me matar. Foi um milagre, e estou bem, me recuperando em casa". Nas palavras da advogada Verônica Suriani, de 40 anos, está não só a tristeza pela lembrança, mas a gratidão e alívio por ter superado aquele que pode ser o pior momento da vida. Ela foi esfaqueada 17 vezes pelo ex-companheiro na segunda-feira (23), e na tarde desta terça (24), recebeu alta do hospital.
A vítima acredita que todo o crime foi premeditado pelo homem, de 36 anos, com quem ela mantinha relacionamento, e tentava reatar após diversos casos de violência doméstica. Ela contou o que se passava no relacionamento.
"O relacionamento começou a ficar tóxico em outubro, com término em novembro. Fui eu quem pediu para a medida protetiva ser retirada, e ele não sabia. Sou advogada da família, e ele me convenceu das dificuldades financeiras que eles passavam, e sem esse suporte não teria como ajudá-los. Tive compaixão pela família que por muito tempo foi minha também", relembra Verônica.
Os ataques do ex-companheiro só não acabaram em morte por conta da intervenção da babá das crianças, que lutou contra ele e evitou lesões ainda mais graves. A advogada explicou que ela já a visitou, e frisou: "devo a vida a ela, teve coragem e lutou com o homem para salvar a minha vida". A mulher e os filhos estão juntos, e recebendo assistência psicológica e psiquiátrica. Ela diz que ainda não viu as imagens de câmeras de segurança que flagraram o crime.
Verônica diz acreditar no sistema penal brasileiro, e que ele "terá uma pena correta, sem ser solto". Em relação a mais um caso de violência doméstica com o qual a sociedade se depara, a advogada destaca: "Tenham coragem de dizer não, e não acredite na dificuldade que o outro está passando. As pessoas mentem, enganam, manipulam".
Relembre
Na manhã de segunda-feira (23), Verônica chegava em casa após passar a noite na casa da babá, depois que o ex companheiro destruiu diversos móveis no local. Ele a aguardou na entrada, e desferiu os golpes de faca na frente dos filhos da advogada, de 10 e 6 anos.
De acordo com testemunhas, a violência só foi cessada porque a babá conseguiu intervir. Horas depois, o suspeito foi preso, e em depoimento, afirmou ter sido traído. A delegada responsável pelo caso disse que ele não aparentava qualquer arrependimento pelo crime. O homem disse sofrer de bipolaridade, mas nenhum documento foi apresentado para comprovar a condição.
Desde 2019, o homem tem histórico e registros de comportamento violento. Em 2020, chegou a ser preso em flagrante por agressão, e desde então, a vítima tinha medida protetiva contra ele.
Antes desse relacionamento, ele tinha boletins de ocorrência por ter ameaçado outra mulher, batido na mãe, no pai (que estava doente), na irmã e ainda tentou matar policiais militares a facadas.