Com Itasat
Advogados da família de Anderson Cândido Melo e do delegado Rafael de Souza Horácio repercutiram as conclusões do laudo liberado nesta quarta-feira (14), que confirmam que o motorista do caminhão não acelerou o veículo na direção do delegado. Ainda assim, a defesa de Rafael Horácio acredita que as descobertas podem ser positivas para o delegado da Polícia Civil, que se encontra preso por ter atirado e matado o caminhoneiro.
O caso aconteceu no último dia 26 de junho, na avenida do Contorno nas imediações do Complexo da Lagoinha, quando Anderson e Rafael se envolveram numa briga de trânsito que acabou resultando na morte do caminhoneiro. O laudo técnico feito pelo Instituto de Criminalística da Polícia Civil mostra com diversas provas científicas grande parte da confusão que envolveu os dois veículos, o caminhão de reboque e a viatura descaracterizada Honda CRV.
O laudo detalha que houve uma batida entre os dois veículos, evidenciada pelos danos do para-choque do caminhão e na viatura. Entretanto, alguns outros danos da viatura seriam de antes do acidente. O documento também aponta que o caminhão não chegou a acelerar em direção a Rafael nos momentos antes do disparo. O delegado alega que atirou contra Anderson em legítima defesa.
Contudo, o laudo pericial aponta, também, que o veículo estava ligado, engrenado na primeira marcha e sem o freio de mão puxado na hora em que o disparo aconteceu. Além disso, o veículo teria dado um tranco em algum momento, mas não fica claro se foi antes do disparo.
A defesa da família de Anderson acredita que o laudo mostra ser mentirosa a versão do delegado. O advogado Raphael Nobre reforça, ainda, que não houve colisão entre os dois veículos: “não existiu essa colisão, até porque o para-choque do caminhão está pra fora. Vamos pedir um esclarecimento maior do perito, pelo fato do para-choque estar para fora. Se tivesse sido uma batida, ele deveria ter um afundamento pra dentro”.
Já a defesa de Rafael Horácio afirma que o laudo reforça a versão de legítima defesa apresentada pelo delegado. Para o advogado Fernando Magalhães, o fato do caminhão estar engatado demonstra que havia uma intenção de atropelar o delegado. “O veículo [caminhão] estava engatado, com marcha acionada, freio não puxado e estava ligado, o que demonstra nitidamente que tinha, sim, a intenção de avançar com o veículo para cima do delegado”, ressalta Magalhães.
O advogado também revela ter convicção de que houve uma colisão entre o caminhão e a viatura de Rafael: "Nenhum dos dois veículos tinham dano e, logo após a batida, tinha para-choque amassado em duas localidades, ausência de placa e a viatura ficou danificada. Isso leva à conclusão óbvia de que o motorista [Anderson] não parou, seguiu o seu caminho e aí, quando obstaculizado, ainda tinha a possibilidade de avançar contra o doutor Rafael, que se defendeu.”
O inquérito já foi concluído e o caso agora segue para a justiça. O delegado Rafael Horácio está detido na Casa de Custódia da Polícia Civil, no bairro Horto.