A Polícia Civil do Rio de Janeiro concluiu que a voz do porteiro que liberou a entrada do ex-policial militar Élcio de Queiroz no condomínio Vivendas da Barra, no Rio, no dia dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, não é a do funcionário que mencionou o presidente Jair Bolsonaro aos investigadores da Delegacia de Homicídios (DH). A informação é do jornal "O Globo", que teve acesso ao laudo da perícia.
O documento é assinado por seis peritos, que também atestam que o áudio da conversa não foi editado. Segundo os investigadores, quem autorizou a entrada de Élcio no condomínio foi o policial reformado Ronnie Lessa. Élcio e Lessa estão presos e são acusados de cometer o crime.
No ano passado, uma reportagem da TV Globo mostrou que um homem chamado Elcio (que seria Elcio Queiroz) entrou no condomínio em 14 de março de 2018, dia do crime, dirigindo um veículo Renault Logan prata. Ele teria informado ao porteiro que visitaria a casa 58, de Bolsonaro, mas foi à residência de Ronnie Lessa, que mora no mesmo conjunto.
Em um primeiro depoimento, o porteiro Alberto Mateus relatou ter confirmado a entrada de Elcio Queiroz com o "seu Jair". Quando o veículo seguiu para a casa de Lessa, ele disse ter ligado novamente para a casa de Bolsonaro para confirmar o destino de Elcio.
Em novembro, o porteiro prestou novo depoimento e recuou das declarações. Ele afirmou ter lançado errado na planilha de controle do condomínio o registro de entrada de Elcio na casa de Bolsonaro. O funcionário disse que havia se sentido "pressionado".
Segundo as investigações, no dia do crime quatro porteiros estavam de plantão no condomínio. Agora, a análise dos peritos apontou que o áudio da conversa por interfone "possui características convergentes com a fala padrão coletada pelo porteiro Z, mais do que qualquer dos outros porteiros analisados". O "porteiro Z" não é o que prestou depoimento citando o presidente.